ANIBRA E SUAS MALDADES
ANIBRA E SUAS MALDADES
Ricardo De Benedictis
Um prefeito de Poções, da década de 1960, conhecido pela população rural pela alcunha de Anibra, apareceu em Poções como Fiscal do Estado, lotado na Secretaria da Fazenda. À época diziam que era de Barreiras, terra do ex-governador Antonio Balbino de Carvalho Filho. Pois bem. Não demorou muito e esse cidadão conquistou muitas amizades pelas suas atividades e porque gostava muito de prosear. Deixava tudo por uma conversa no final do expediente na Coletoria Estadual, localizada na vizinhança do comércio de couros do italiano Raffaele Schettini e do seu filho Fernando.
Candidato a prefeito pela UDN, eis que se elegeu com apoio majoritário dos homens de bem da cidade numa disputa acirrada. A bem da verdade, Anibra era um sujeito engraçado, gozador e adorava fazer piada de qualquer fato.
Conta-se que ele saiu de Poções com uma caravana destinada a fazer campanha em Bom Jesus da Serra e Caetanos, então distritos de Poções. Entre os amigos que o acompanhavam, vereadores das regiões a serem visitadas e mais uns dois ou três, motoristas, ajudantes e funcionários da campanha. Um deles nos segredou: - Quando chegamos ao pé do riacho, Anibra mandou parar a rural. Desceu com um pacote de santinhos do seu compadre Etelvino, candidato a vereador ao qual havia prometido dar uns votos nos seus redutos eleitorais de Riachão e de Caetanos. Abriu o pacote, desarrumou os santinhos e disse em voz alta: “Compadre Tel, se sapo votar você está eleito”. Ato contínuo, colocou um pedregulho sobre os papéis bem na encosta das águas, num local bem apropriado para os sapos coaxarem à noite.
Não me lembro bem o motivo, o certo é que ele ficou inimigo do Juiz de então, Dr. Jofre e correu pela cidade que ele seria o responsável por um atentado que aconteceu contra o Juiz, cuja casa, localizada próxima à residência do prefeito, na Rua Clemente Freire, foi alvejada com tiros de revólver numa fria noite de inverno, em plena escuridão que flagelava a cidade de Poções, no final dos anos 1960. Sei que meu irmão Ernesto De Benedictis que era advogado, no intuito de ajudar o amigo, colocou os faróis do seu carro contra os autores do atentado que fugiram para não serem reconhecidos. E tudo ficou por isso mesmo. Depois que deixou a prefeitura, Anibra foi residir em Jequié.
Existem outras barbaridades praticadas por Anibra que mandou cortar as árvores que enfeitavam a cidade e as araucárias da Praça da Bandeira, sem falar na demolição do belo Obelisco da mesma Praça, erigido em homenagem à vitória do Brasil e dos aliados contra Hitler e Mussolini. Não me lembro de benfeitorias por ele construídas. E se alguém tiver alguma em mente, pode comentar e acrescentar.
Outra coisa: Coloquei o nome de Etelvino no candidato a vereador para não acarretar desgostos para os meus amigos, uma vez que todos se conhecem!