004 - "O Templo e Seus Guardiões: A Saga dos Administradores de São Francisco"
No coração do sertão nordestino, em um pequeno vilarejo chamado Canindé, ergue-se um templo sagrado dedicado a São Francisco das Chagas. Este local, carregado de história e devoção, é palco de um conto que se desenrola ao longo dos anos, entre desafios e bênçãos.
A história começa no início do século XIX, quando o Padre João José Vieira, o administrador do patrimônio de São Francisco, enfrenta uma difícil tarefa. Sua missão é zelar pelos bens do santo, mas a falta de registros e o mistério que envolve a administração anterior tornam seu trabalho um verdadeiro enigma. Em 1804, com muito esforço, ele prepara um inventário detalhado, revelando um saldo de 998$595, que representa a riqueza acumulada até aquele momento. No entanto, a sorte parece não estar ao seu lado, e após sua morte em 1812, seu legado é abalado por um desfalque significativo.
O novo administrador, José Mendes da Cruz Guimarães, recebe a responsabilidade de recuperar o patrimônio e manter a ordem. Com habilidade e integridade, ele consegue estabilizar as finanças e entregar a administração a Joaquim Marques Vianna em 1819. Este período é marcado por transições e incertezas, com a administração de São Francisco passando por vários responsáveis, cada um com seus desafios e contribuições.
O protagonista da história é Manoel Luiz de Magalhães, um administrador honrado que assume o cargo em 1855. Sua dedicação e honestidade são admiradas por todos, mas ele enfrenta desafios, incluindo uma desavença com o Juiz de Capelas, que resultou em um mal-entendido e uma demissão injusta. Mesmo assim, Manoel Luiz continua a apoiar a causa de São Francisco, oferecendo um relógio para o Santuário e contribuindo com suas próprias finanças para compensar a perda.
Em 1898, com a dissolução da Confraria de São Francisco, os Frades Capuchinhos assumem a administração do patrimônio. Frei David de Desenzano inicia a nova era, que é marcada por grandes transformações. Sob a liderança dos Capuchinhos, o Santuário passa por reformas significativas, incluindo a construção de uma cisterna e a ampliação das instalações. O Colégio São Francisco se destaca como um centro educacional, oferecendo abrigo e educação para órfãos e jovens desamparados.
A narrativa culmina em 1910, quando o santuário é reformado e ampliado, adotando um estilo gótico que impressiona os visitantes. A administração dos Frades Capuchinhos é reconhecida como um período de prosperidade e crescimento, transformando o Santuário em um importante destino de peregrinação.
No final, o conto revela a importância da dedicação e da perseverança na preservação do patrimônio espiritual e material de São Francisco. Cada administrador, com suas virtudes e desafios, contribuiu para a construção de um legado duradouro que continua a inspirar fé e devoção.