A Consulta
Aguiar do Canário: Bom dia, Zé Bigode! Rapaz, que time ruim é esse teu, cara? Deixou os caras virarem no último momento.
Zé Bigode (com uma flanela acinzentada no antebraço esquerdo): Fazer o quê, né... Não deram um pênalti pra gente.
Aguiar do Canário (gargalhando com uma voz rouca de Derby vermelho): Ôh, Zé, tive uma dor de cabeça tão forte semana passada que me encucou até hoje. Uma dor que partiu de riba da testa e foi parar na nuca.
Zé Bigode: Rapaz, tem que ver isso aí.
Aguiar do Canário: Não sei se eu estava tendo um AVC, infarto, mal jeito, apanhei da dona maria, macumba, ou se era aquela doença.
Zé Bigode: Fala isso não, macho.
Zé Bigode: Vem cá, foi semana passada, né?
Aguiar do Canário: Foi, Bigode.
Zé Bigode: Foi no dia 18?
Aguiar do Canário: Foi, ué, cabra, como tu adivinhou? Ô bicho sabido!
Zé Bigode: Tu num lembra que no dia 17, na terça-feira, tu me pediu caninha da roça e num tinha? Aí você acabou com a garrafa de Pytu.
Aguiar do Canário: Rapaz, então foi isso mesmo. Obrigado, Zé! Tu é um amigo mesmo. Estava preocupado.
Aguiar do Canário: Então, vou indo.
Zé Bigode: Ei, volta aqui, não vai beber nada hoje, não?
Aguiar do Canário: Tô devagar hoje, macho.
Zé Bigode: Aí, a tua branquinha chegou ontem (já enchendo um copo).
Aguiar do Canário (tomou três em sequência e saiu cambaleando): Obrigado, tu é um amigão. Sic! Sic! Sic!
Zé Bigode (passando o pano no balcão): Ô homem para durar.