A vingança é um prato que se aprecia...

Nunca subestime uma mulher, muito menos uma mulher traída.

A expressão “Vingança é um prato que se come frio” traz a ideia de que a melhor vingança é aquela que foi premeditada e preparada até a perfeição.

Essa história aconteceu com uma velha amiga de infância. Mas para não comprometer nenhum envolvido, os nomes foram propositalmente alterados.

Marilda era casada com Júlio há cerca de 20 anos. Mãe exemplar, ela se desdobrava entre a vida profissional, os dois filhos, o marido e a administração do lar.

Trabalhávamos juntas na administração de uma escola particular da nossa cidade e sempre conversávamos sobre nossas vidas pessoais.

Certo dia, Marilda me confidenciou que havia descoberto que seu marido tinha um caso. Estranhamente, nos dias que se seguiram ela ficou muito distante, pensativa.

Algum tempo depois, Marilda pediu demissão. Agora, nas poucas vezes que a via, ela sempre estava com roupas novas e caras, sapatos e bolsas de grife. Ela passou a frequentar a academia, colocou silicone, fez abdominoplastia e rinoplastia. Estava realmente muito linda. Parecia outra pessoa. Suas redes sociais exibiam lindas fotos de viagens internacionais, sempre ao lado do marido. Presumi que ela o havia perdoado. Ledo engano.

Quando a encontrei no shopping por acaso, paramos para tomar um café e foi então que perguntei como estava a vida. Ela então me disse que estava ótima. Quando eu perguntei da amante, o que ela me contou me deixou perplexa.

— Ele não sabe que eu sei. Não vou deixa-lo, afinal contribuí durante 20 anos para termos o patrimônio que adquirimos. Não iria deixar de mão beijada para nenhuma lambisgoia novinha chamada Patrícia. Agora é que estou vivendo de verdade. Quero tudo do bom e do melhor a que eu tenho direito. As melhores roupas, viagens, restaurantes. Ele vai ter que me sustentar. Vou infernizar a vida deles e eles nem vão se dar conta. Quem come a carne, rói o osso. Não é este o ditado?

— Mas e a sua moral e dignidade, Marilda?

— Moral e dignidade não pagam contas — ela me respondeu friamente.

Naquele momento eu revi meus conceitos. Não podia julgá-la. O marido não desconfiava de nada. Marilda era a personificação da desfaçatez.

Aquela situação durou algum tempo, suficiente para Marilda conseguir arrancar do marido até o que ele não tinha com muita lábia e astúcia, mas soube que o marido, pressionado pela amante, contou tudo para ela e pediu o divórcio.

Marilda, fazendo-se de coitada e compreensiva, aceitou o fim do casamento. Mas não pense que essa história acaba aqui. Agora o alvo dela era a amante.

Quando a encontrei, ela me confidenciou:

— Se quiser transformar a vida da amante do seu ex-marido num inferno, torne-se a melhor amiga dele.

E foi isso que ela fez. Era um tal de kkk pra lá e curtida pra cá que não acabavam mais. Trocavam posts, mensagens e Reels. Marilda virou confidente do ex para o desespero da amante. A amante, por sua vez, percebeu que era um jogo sujo, mas o marido não via nada de mais na amizade e acabou terminando seu relacionamento amoroso.

Fato é que Marilda e Júlio acabaram voltando e mudaram-se para outra cidade. Soube por uma amiga em comum que ela seria avó em poucos meses. Seu filho mais velho acabou se apaixonando por uma colega de faculdade. Se não me engano, o nome dela era Patrícia.