Cabotinismo colérico
Sua conduta após o término do relacionamento não foi diferente das vezes anteriores, mas dessa vez, talvez por não ter sido quem efetivou o fim, potencializou suas atitudes. Com certa dose de rancor e revolta dentro de si, não demorou quase nada para começar a agir. Sendo, de certo modo, uma mulher desejada, não encontrou nenhum empecilho para que seu exibicionismo lhe rendesse resultados imediatos. Principalmente na internet, onde cada publicação, foto ou comentário de cunho sensual, ou sexual, atrai uma gama de 'gajos'. A maioria, desses que estão sempre a espreita para aproveitar cada brecha dada, ou fornecida, por alguma mulher; mesmo que de maneira aleatória; e por mais que a internet seja o seu foco para se exibir, pois, deseja causar o máximo de ciúmes e desconforto no seu ex-parceiro, também não perde a oportunidade de insinuação fora dela; seja quando vai ao Shopping, mercado ou até num passeio na praça. Não é que queira qualquer homem que estiver pela frente, mas precisa se auto-afirmar; se sentir desejada após entender que foi rejeitada. Em sua mente, mesmo que ele, seu ex, jamais tome conhecimento dos seus flertes aleatórios por aí, a satisfação e a sensação de um mínimo de interesse masculino lhe é boa. A faz sentir um prazer, que em seu interior tem como vingança, incomensurável.
Mas o seu capricho exibicionista acontece mesmo nas redes sociais, mostrando e evidenciando partes do corpo que, normalmente, costumam estar cobertas. Tudo é proposital, afinal, sabe perfeitamente que diante toda a sua exibição, é evidente que ele ficará a par de, pelo menos, alguma coisa. Nem mesmo o conselho de algumas pessoas próximas dizendo que ela 'está exagerando' e 'mostrando a derme em excesso' a faz parar; ou mesmo pensar sobre sua conduta. E isso não é tudo. Aliado a alta amostragem do corpo, há também as ocasiões onde destila sua revolta pelo término com indiretas, também por publicações. Sem perder oportunidades de maldizer daquele que, há pouco tempo, segundo ela própria, era muito importante em sua vida. Dentro de sua histeria, sobra até para a astrologia, onde critica o "signo maldito", ao ponto de dizer que jamais se relacionará novamente com alguém desse signo.
Sem filtro ou freio para tentar parar e arrumar a desordem mental a qual se encontra, apenas prossegue com seus atos pouco pensados; que acredita serem corretos. Em nenhum momento se fez presente uma autocrítica em seu raciocínio; uma 'mea-culpa'. Prefere esconder dos outros, e até de si mesma, suas atitudes que foram preponderantemente determinantes para que o 'outro lado' se esgotasse em definitivo. E como percebeu que dessa vez não haverá uma volta, age por instinto e impulso, provocando e mostrando, sentido mais incômodo ainda por não ver nem esboço de reação, ou incomodação, por parte de quem deseja tanto incomodar. Mas assim ela segue. Segue e segue. Até chegar ao ponto onde esses sentimentos negativos que, instintivamente, a faz agir assim irão se amenizar, se esvair. Não é possível saber quando, mas é certo que assim será. O exibicionismo em prol de irritar irá perder o sentido, o 'signo maldito' ficará relegado ao esquecimento e, após muitas patacoadas, será a hora da reflexão. De analisar ao invés de agir e falar; de até — quem sabe? — se arrepender do seu comportamento retroativo.
Mas é possível também que essas etapas reflexivas fiquem de lado, afinal, uma nova história, para ela, pode começar e, com tanto exibicionismo e "gritos" para chamar atenção, ombros solícitos com certeza aparecem aos montes; e para que refletir sobre erros próprios se tudo pode ser encoberto, mas não esquecido, com uma nova relação?