NOITE DE ANGÚSTIA.

Chagaspires

Olhando pelo vidro da janela me vi na rua outra vez.

Eu e meus dois irmãos tínhamos apenas poucos anos de idade.

Nossa mãezinha havia surtado achando que estava tuberculosa.

E na sua neurose alucinatoria ela abriu a porta e nos colocou na rua para que não pegassemos o bacilo.

A vila onde morávamos apagava as luzes das casas e das ruas as 22horas.

A energia da vila vinha dos geradores da Fábrica de Tecidos.

Na minha visão tão pequena como eu, a escuridão fazia medo.

Coloquei os meus dois irmãos menores sentados no batente da porta e pedi que não saíssem enquanto eu iria buscar ajuda.

Na rua escura sai correndo pois sabia onde meu pai morava com outra família.

Quando cheguei na porta bati e logo a mulher apareceu. Ela chamou nosso pai e contei o que estava acontecendo.

Ele me mandou embora e apavorado voltei para as ruas novamente.

Quando cheguei uma rua antes da casa da minha mãe me lembrei da minha madrinha.

Corri e ao chegar na porta bati e ela me atendeu. Disse o que estava acontecendo e ela foi comigo até nossa casa.

Lá chegando chamou minha mãe e ela abriu a porta.

Minha madrinha nos colocou pra dentro.

Quando o dia amanheceu minha mãe foi levada para um hospital de pessoas desequilibradas.

E apesar de meus poucos anos de idade fiquei encarregado de tomar contas dos meus dois irmãos.

Eu tinha apenas 12 anos de idade.

Até hoje não consegui me esquecer daqueles dias.

Minha mãe e meu pai já estão do outro lado.

O mais novo dos meus irmãos já está do outro lado também.

Hoje as recordações desses acontecimentos estão num passado longínquo, porém não consigo esquecer e quando olho pelo vidro da janela me vejo como se estivesse naqueles momentos difíceis.

Foi uma noite de angústia

Chagaspires
Enviado por Chagaspires em 02/07/2024
Reeditado em 02/07/2024
Código do texto: T8098482
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