Um Amor Não Correspondido

Lá pras bandas do sertão, tinha um cabra chamado João do Aboio. João era conhecido por sua voz que encantava o gado e amansava qualquer boiada. Mas, o que pouca gente sabia, é que João carregava um amor escondido, um amor que não encontrava eco.

Desde menino, João era perdidamente apaixonado por Rosa, filha do coronel mais poderoso da região. Rosa, com seus olhos verdes e pele morena, era a flor mais bonita do sertão. João, porém, era um simples vaqueiro, sem posses, sem-terra, apenas com seu aboio e um coração cheio de esperança.

Todo dia, ao amanhecer, João passava pela casa de Rosa, só pra ver se conseguia um sorriso, um aceno, qualquer coisa que alimentasse seu amor. E Rosa, gentil como só ela, sempre dava um bom dia, mas seu olhar nunca dizia mais do que uma mera cortesia.

Certa vez, num dia de festa, João criou coragem e foi falar com Rosa. Disse a ela que seu coração era dela, que ele a amava desde sempre e que daria a vida por um só beijo. Rosa, com a delicadeza de uma flor, explicou que via em João um amigo, um irmão, mas não um amor.

João, apesar do coração partido, agradeceu a sinceridade. Voltou para o seu trabalho no campo, mas seu aboio nunca mais foi o mesmo. Agora, ele cantava com um tom de saudade, um lamento que só quem já amou sem ser amado entende.

Os anos passaram, Rosa se casou com um homem da cidade grande, e João continuou sua vida no sertão. Mas, todas as noites, antes de dormir, ele olhava para o céu estrelado e pensava em Rosa, agradecendo pelo amor que sentiu, mesmo que não tenha sido correspondido.

Dizem que o aboio de João ainda ecoa pelos campos, contando sua história de amor não correspondido, lembrando que, às vezes, amar é aceitar que o outro tem o direito de escolher, e que, mesmo na dor, existe uma beleza em ter um coração que sabe amar verdadeiramente.

Luiz Holanda
Enviado por Luiz Holanda em 22/06/2024
Código do texto: T8091375
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