Dantesco Devaneio

Debruçado por sob livros e cadernos, não percebia ele que era observado, mesmo estando entre cinqüenta a mais, era notável sua presença, por estar sempre coberto por uma brilhante luz, provindo ela talvez das demais idéias que surgiam em sua jovem mente incrivelmente insânia.

Seus olhos estavam doendo e sua boca ardia, ele sentia um estúpido fedor fluorando de seu corpo e se espalhando naquele terrível ar.

Com seus brinquedos nas mãos, tecia ele uma rede de sonhos e desejos, os quais foram cobrindo-o quase que por completo, quando abre os olhos e vê:

-Culpado!

- Quem? Eu?

Não compreendia o que se passava e nem mesmo ligava, pois estava levemente tranqüilo depois de usar um grande número de comprimidos para dor de cabeça o que lhe causou uma crise de total dormência em todo o seu corpo:

-Vamos, leve-o daqui...!

-Eu? Pra onde?

Como um estalo ele percebe suas mãos bem maiores como se anos tivessem passado e ele estivesse banhado de um óleo de senescência o qual em nada o agradava:

-Parem! Soltem-me! O que esta acontecendo?

-É tarde para tais indagações professor. Já foi declarado culpado!

-Culpado de quê? E desde quando tomam alunos do primário como professores?

-Seu primário já foi há muito tempo professor, e tais atos de caduquice não vogarão com o que já foi dito.

A leveza e tranqüilidade em seu corpo antes forte e viril, agora encanecido e desgastado, da lugar á medo e confusão:

-Espere... Não faça isso... Não entende?...

-O que há para entender? Um professor pedófilo e toxicômano, que alicia menores e vende entorpecentes à seus alunos... Há... Vamos o levem daqui!

-Isso é um sonho... Loucura... Basbaquice...

-Diga o que quiser... Está preso mesmo!

Enquanto grita e se contorce para não ser levado a prisão, ele olha nos corredores por onde é arrastado, faces conhecidas e envelhecidas quando sente um toque ,como de um anjo em sua cabeça:

-Eu lhe disse para parar...

Eis uma velha amiga, agora velha mesmo, com um sorriso amarelo e lágrimas nos olhos ela diz:

-“Isso iria acabar nosso casamento”. Uma vez eu disse... Não é que aconteceu.

-O que está dizendo? Não posso casar, sou menor de idade.

-Está mais insano do que nunca, lembro de nós quando jovens, você se drogando em pleno horário escola e tendo surtos psicóticos e dormência, quando a noite, enamorando a garotos e garotas em plena praça pública.

-Disso eu lembro. E como são perfeitas essas idéias...

-Idéias as quais nos destruirão. Nosso futuro, o que será dele? Com você ai dentro trancado e sem à liberdade que era o que mais prezava.

-Isso... É...

-É horrível? Mas o que fazer? Desgraçaste nosso futuro com aquela gula pelo presente que agora é o passado que lhe condena.

-Então...

-Então, isso é o fruto de uma vida promíscua e cruel o qual não quis agir como boa pessoa... Não sei o que ainda faço aqui...

-Espere não me deixe só...

-Solidão... Será essa uma de suas novas companhias de agora em diante, pois minha amizade e amor perdeu para sempre!

Em uma chuva de lágrimas a mulher o deixa e com um grito gutural ele acorda no meio da sala de aula:

-O que é isso?

Diz o professor que olha furioso para o aluno que acaba de acordar do dantesco devaneio, o aluno com um olhar de tristeza, frieza e medo responde:

-Meu grito de desespero perante o medo do que pode ser meu futuro.

O professor o olha sem compreender ele fala:

-E o que faremos perante isso?

O aluno ainda assustado fala:

-Mudar!

Italo Silva
Enviado por Italo Silva em 08/01/2008
Código do texto: T808994
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