O VELHINHO QUE ENFRENTOU OS FISCAIS...
Nunca vi na minha vida um sujeito tão verdadeiro como ele. Em qualquer situação ele estava presente. Fosse no mato, na entrega ou em qualquer serviço que fizesse. Também fora sempre assim, durante os 17 anos que conviveu na fazendo do meu pai. Magrinho e esperto, Chico Desidério topava qualquer parada. Quando empreendia qualquer empreitada, não titubeava, ia sempre em frente até consumá-la. Uma vez saiu da fazenda, às pressas, para comprar um remédio na vila, distante 3 quilômetros, correndo a pé. Como não encontrou o medicamento, continuou a viagem até outra cidade distante 21 quilômetros. Retornou à fazenda altas horas da noite, muito suado e cansado, mas trouxe o remédio. Assim era Francisco Desidério.
Naquela manhã fomos ao centro comprar farinha. Os padeiros já estavam esperando. Por esquecimento, deixamos a Nota Fiscal lá no escritório. Ao pararmos a combi em frente à padaria, por moleza, aproxima-se o carro da fiscalização. Descem dois fiscais. Um deles pergunta:
- Cadê a Nota Fiscal desta mercadoria? Chico, mesmo sem parar o descarrego, respondeu que esquecera lá no escritório. Ao que o guarda anunciou carrancudo:
- Pois a farinha está presa!
Chico, todo sujo de farinha, continuava tirando os sacos da combi e resmungava:
- Essa farinha não foi roubada não, meu amigo. O guarda, desta feita, falou mais alto ainda, arrotando rispidez e autoridade:
- Ei, velhinho, eu já falei que a farinha está presa!. Chico parou, encarou-o de frente e disse:
- Então pode ir buscar mais gente, porque vocês dois não prendem farinha aqui não.
Por coincidência ou moleza, ia passando outra viatura, com outra ronda do estado. O guarda mandou parar e pediu socorro. A camioneta branca parou. Dela saíram mais quatro fiscais. Eles cochicharam e certamente os dois primeiros informaram-lhes que tentaram apreender a mercadoria sem nota, mas havia ali um velho valente que não acatara sua ordem. Os seis fiscais se aproximaram e o mais graduado tomou a frente e bradou:
- E ai velhinho, a farinha está presa, ou Não? Chico parou, passou a mão no rosto magro e respondeu em cima da bucha:
- Eu falei que dois não prendiam a farinha, mas com um batalhão desses.!!!
Os guardas mudaram suas fisionomias e começaram a rir. Suas gragalhadas iam aumentando o coro e parecia que tinham visto alguma video-cassetada. E assim entraram em seus carros e foram embora, mesmo porque Chico Desidério já havia descarregado todos os sacos de farinha. Na combi não havia mais mercadoria a ser confiscada.
Depois que eles dobraram a esquina, Chico Desidério, se encheu de razão, alteou sua voz fina e gritou vitorioso:
- Tão pensando o quê?. Esses merdas têm que respeitar o velhinho de Nossa Senhora!!!
Em todos os anos seguintes, sempre que cruzávamos com a viatura daqueles fiscais eles faziam questão de parar e nos procurar para reviver este episódio. E sempre aproveitavam para dar gostosas gargalhadas.
Nunca vi na minha vida um sujeito tão verdadeiro como ele. Em qualquer situação ele estava presente. Fosse no mato, na entrega ou em qualquer serviço que fizesse. Também fora sempre assim, durante os 17 anos que conviveu na fazendo do meu pai. Magrinho e esperto, Chico Desidério topava qualquer parada. Quando empreendia qualquer empreitada, não titubeava, ia sempre em frente até consumá-la. Uma vez saiu da fazenda, às pressas, para comprar um remédio na vila, distante 3 quilômetros, correndo a pé. Como não encontrou o medicamento, continuou a viagem até outra cidade distante 21 quilômetros. Retornou à fazenda altas horas da noite, muito suado e cansado, mas trouxe o remédio. Assim era Francisco Desidério.
Naquela manhã fomos ao centro comprar farinha. Os padeiros já estavam esperando. Por esquecimento, deixamos a Nota Fiscal lá no escritório. Ao pararmos a combi em frente à padaria, por moleza, aproxima-se o carro da fiscalização. Descem dois fiscais. Um deles pergunta:
- Cadê a Nota Fiscal desta mercadoria? Chico, mesmo sem parar o descarrego, respondeu que esquecera lá no escritório. Ao que o guarda anunciou carrancudo:
- Pois a farinha está presa!
Chico, todo sujo de farinha, continuava tirando os sacos da combi e resmungava:
- Essa farinha não foi roubada não, meu amigo. O guarda, desta feita, falou mais alto ainda, arrotando rispidez e autoridade:
- Ei, velhinho, eu já falei que a farinha está presa!. Chico parou, encarou-o de frente e disse:
- Então pode ir buscar mais gente, porque vocês dois não prendem farinha aqui não.
Por coincidência ou moleza, ia passando outra viatura, com outra ronda do estado. O guarda mandou parar e pediu socorro. A camioneta branca parou. Dela saíram mais quatro fiscais. Eles cochicharam e certamente os dois primeiros informaram-lhes que tentaram apreender a mercadoria sem nota, mas havia ali um velho valente que não acatara sua ordem. Os seis fiscais se aproximaram e o mais graduado tomou a frente e bradou:
- E ai velhinho, a farinha está presa, ou Não? Chico parou, passou a mão no rosto magro e respondeu em cima da bucha:
- Eu falei que dois não prendiam a farinha, mas com um batalhão desses.!!!
Os guardas mudaram suas fisionomias e começaram a rir. Suas gragalhadas iam aumentando o coro e parecia que tinham visto alguma video-cassetada. E assim entraram em seus carros e foram embora, mesmo porque Chico Desidério já havia descarregado todos os sacos de farinha. Na combi não havia mais mercadoria a ser confiscada.
Depois que eles dobraram a esquina, Chico Desidério, se encheu de razão, alteou sua voz fina e gritou vitorioso:
- Tão pensando o quê?. Esses merdas têm que respeitar o velhinho de Nossa Senhora!!!
Em todos os anos seguintes, sempre que cruzávamos com a viatura daqueles fiscais eles faziam questão de parar e nos procurar para reviver este episódio. E sempre aproveitavam para dar gostosas gargalhadas.