A LUZ DO CAMINHO
Já era altas horas da madrugada, a noite estava escura, era a fase da nova e a muito ela já havia desaparecido no poente, o céu estava límpido e estrelado, iluminados por um lamparina de querosene dependuras em um dos pilares do paiol da casa do falecido, numa roda de prosa, os proseadores se revezavam na narrativa de seus causos, alguns experiências vivenciadas pelo próprio narrador, outros eram relatos das estórias de seus antepassados ouvidos à taipa do fogão de lenha, numa conversa entre vizinhos numa varanda ou em momentos como este, onde o narrador tinha o firme proposito de manter viva as raízes do povo, fato era que alguns provocavam sorrisos, outros causavam medo, e assim a noite ia passando e o caboclinho matuto, recolhido no seu canto, na sua insignificância, mantinha os olhos bastantes abertos, pondo reparo em tudo, foi quando viram no estradão que passava do outro lado do riacho, uma estranha luz caminhando e houve entre eles até um comentário
_____ Quem será que vem vindo a estas horas no guardamento do falecido?!?
Na sequência alguém puxou outro causo, a luz tomou sentido da casa do falecido, passou pela ponte e desapareceu na lombada da subida para a casa, obrigatoriamente deveria passar pela frente do paiol onde estavam reunidos, mas ninguém chegou.
De repente uma brisa forte invadiu o recinto, causando arrepios nos presente e quase apagando a forte chama da lamparina, ninguém no entanto, botou reparo que aquela luz do caminho e que desaparecera na lombada, não reapareceu e ninguém chegou no ressinto do guardamento, apenas o caboclinho matuto que, num tom de desabafo monologou:
_____ Vixe! Ainda dizem os sabidos que assombração não existe!