A HISTÓRIA DO HOMEM -MENINO QUE GOSTAVA DE INVENTAR

Pereirinho era voador. Não tinha mania de grandeza, e essa era sua maior beleza. Não era carente de amor, pois esbanjava um sorriso de fina flor. A sua vida era um jardim, eterno jardim de infância. Ele era tímido, e o sorriso e o olhar de compreensão ( para assim ser também aceito ) faziam parte da sua comunicação. No silêncio, Pereirinho inventava. Nasceu e caiu do berço, e após o choro no colo da mãe foi entregue ao pai, e este o levou para mostrá-lo aos amigos do bar: - Rapaziada, este é o meu filhão forte como um touro.

Pereirinho era forte de fato! Menino robusto.... Mas sua força residia na imaginação. Enquanto muitos o olhavam com negação, ele brincava e extraía a verdade das brincadeiras. Tudo em devoção!

Hora sagrada era a que ele se dedicava inventar uma saída

para o problema da triste seriedade. As caras sisudas lhe colocavam um peso na alma. Pereirinho não gostava de conversar com pessoas assim.

Era o fim!

E ele passou da infância para a juventude e velhice inventando histórias, vivendo várias vidas.

Pereirinho descascou, casou, descasou, e agora sente saudade da festa, da seresta, de ser poeta, cantor e ter ao seu lado uma musa. Tão deliciosa quanto mousse. E por falar em doce, Pereirinho se lambuzava com doces e se sentia no céu. No dia de Cosme e Damião, dizia que o cartão de convite para ganhar as guloseimas era o seu cartão de crédito. Enchia a bacia de doces e falava para os primos desse jeito :

Eu "comprei" tudo no cartão de crédito.

Pereirinho, na sua ingenuidade, nos apresentava uma lição:

Os doces, as tentações da vida, o cartão de crédito e o desejo de ter, sempre ter mais. Teimar em não ter limites. E após se "lambuzar com os doces " vem a dor de barriga, ou no caso, a dor de quem só tem "titica de galinha" na cabeça.

Pereirinho brincava sozinho com seus amigos imaginários, fingia ser apresentador de TV e colocava os bonecos de frente, firmando a platéia. As vezes chutava bola diante do espelho pra dizer que estava atuando na abertura do programa esportivo.

Pereirinho aprendeu a imaginar as coisas seguindo a mania de sua avó Carmela. Ela falava com o cãozinho de estimação:

Donito, ao sair do quarto, apague a luz!

Vovó Carmela era muito alegre!

Alheia aos problemas da vida, vivia uma outra realidade.

Pereirinho era um homem - menino.

Menino porque tinha uma alma sempre disposta a aprender.

Homem porque falava o que entendia da vida, toda uma história de superação guardada no coração. Brincava para quebrar o gelo, derreter as geleiras da vida e refrescar a alma na paz do manancial.

Este é José Pereira Damasceno,

o grande Pereirinho!

( Autor: Poeta Alexsandre Soares de Lima)

Poeta Alexsandre Soares
Enviado por Poeta Alexsandre Soares em 17/04/2024
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