A Santa Malandragem - humor
A Santa Malandragem
A primeira vez que cheguei ao mosteiro nunca havia visto um lugar
diferente como aquele. Era belo com um jardim na frente. Mas a melhor
hora foi a do almoço, eu nunca tinha visto tanta comida e comida da boa.
tinha queijo suíço, vinho, lasanha e carne assada. No começo eu tinha
vergonha de repetir, mas fui vendo os outros atacarem. Entrei na fila.
Comer bem é uma arte. Comendo bem que mal tem?
Usavam roupas de religião. Todos muito alegres. Não é errado ser alegre.
Deus é alegria. Alegria, saúde e barriga cheia são as melhores coisas da
vida.
Depois fui no cemitério do mosteiro, onde tinha muito monge enterrado.
Era um cemitério bonito. Parecia cemitério de rico. Rico é enterrado em
cemitério com jardins. Não tinha ninguém por perto. Soltei um pum. O
famoso “ pum rasga-calças” fez um barulho enorme. Depois do almoço a
gente fica com gases. O médico falou que é mais saudável soltar do que
prender. O pum não é muito aceito na sociedade. As pessoas tem
preconceito. Ele é uma vitima da sociedade. Todo mundo solta, mas os
outros não precisam saber. Não sei se meu pum perturbou os mortos.
A noite chegou e depois das orações das completas, fui dormir em minha
cela. Eles criavam cachorros. Dois. Como ficava na zona rural e por
segurança tinha cachorro e a noite eles ficavam soltos.
Eles uivavam feitos lobinhos. Me assustava. Mau agouro? Eu nunca fui
supersticioso. Acho superstição coisa de gerente idiota e ignorante.
Lá pelas duas da madruga me acordei. Estava com sede. Fui na cozinha
beber água. Quando voltava ouvi passos. Toc, toc, que toc e po po poc.
Fantasma? Ghost? Como dizem os americanos.
Corri as escadas e tranquei a porta da cela. Comecei a orar. Ouvi uma voz.
Outra voz. E mais outra voz. Eram tantas vozes. Foi quando subitamente
uma luz brilhou. Alguém bateu na porta. Fiquei com medo. Um voz me
disse: “ Irmão está atrasado para a vigília”
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Com o tempo fui me adaptando a rotina e a santa malandragem da religião.
Todo trabalho humano tem seus macetes e a malandragem da profissão.
Na religião é assim: fazer cara de bonzinho, jeito de piedoso, falar palavras
bonitas da boca para fora, aquele blah, blah, blah de igreja, decorar trechos
da bíblia. Usar roupas de religião, símbolos etc.
Vivíamos como reis. Viajamos quatro vezes ao ano para a Itália, na
primeira classe. Os monges viviam até os cem anos ou mais.
Lá no mosteiro frequentava gente rica e importante: prefeito, juiz,
desembargador, empresários etc. Pobre nem era atendido. Pobre não tem
alma. Quem gosta de pobre é só Deus. Tinham obras sociais de fachada
para desviar dinheiro junto a prefeitura da cidade. Todo mundo quer o seu
dinheiro para “ajudar” os pobres.
Todo rico precisa de um médico, uma advogado e um padre.
O médico para garantir a saúde, advogado soltura de um possível prisão e
o padre para garantir que ao bater as botas sua alma vai para o céu voando
como um passarinho e assobiando.
Já aderido a santa malandragem da religião cristã tudo ia bem. Cantava
aquelas músicas bonitas sentimentaloides, alguns bobões choram quando
ouvem essas músicas. É mais fácil ser sentimental do que racional. É cada coisa que a gente tem que fazer nessa vida
para ganhar dinheiro. Não é fácil não.
Certa vez apareceu lá um homem velho e pobre e decidi ajudá-lo. Dei-lhe
comida e gostaria de acolhe -lo. Eles não queriam ela lá porque era velho e
pobre. Logo me disseram: “ amigo, aqui não é casa de caridade, aqui é um
instituto religioso.” fui expulso do mosteiro. Sacudi o pó das sandálias e
soltei um peido antes de sair em sinal de protesto. Agora eu era
protestante.
Tudo ali era fingimento e falsidade. Peguei meus panos de bunda e sai pela
rodovia andando. Peregrinando a pé. Eu falei para os padres que não tinha
para onde ir. Eles me responderam desta forma : “ foda-se você, problema
é seu.” assim com palavrões mesmo.
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Depois fui para casa de um amigo evangélico, já que não tinha casa. ele
me apresentou a um pastor. O pastor me perguntou : “ conheces tu da santa
malandragem?”
eu respondi: “ sim senhor” Pastor: “excelente, aqui você vai cantar para a
gente até esses idiotas chorarem, você agora é um obreiro da santa obra,
enquanto você canta eles vão passando o coador de café recolhendo as
ofertas e dízimos.”
A música que o pastor mais gostava era aquela : “ eu só peço a Deus um
pouco de malandragem, porque eu sou criança e não conheço a verdade, eu
sou um poeta e não aprendi a amar.......” um grande sucesso da MPB.
eu estava ganhando dinheiro com a música. Estava feliz? Não sei. mas
precisava comer, tinha conta para pagar.
Os pobres sempre tende convosco. O que faz o mundo girar é dinheiro. O
resto é conversa afiada. Ninguém tem pena de ninguém. “Quem tem pena
é galinha” dizem no Brasil. Compaixão só Deus. Tudo neste mundo é
assim. As instituições se apropriaram de Deus e da bíblia, a verdade é que
você não precisa delas. Elas precisam de você. As elites criaram instituições para que o povo deva ser dominado por elas. Deus está em você onde você clamar por ele, ele vai te ouvir se seu coração for puro e seu desejo verdadeiro.
Deus não é propriedade de nenhuma instituição, a Bíblia também não é propriedade de nenhuma instituição.
A Bíblia é herança dos antigos hebreus hoje chamados judeus.
Quem tem olhos na terra dos cegos, é rei.