Contos da roça - O CAIPIRA E A LOIRA - Humor
O CAIPIRA E A LOIRA
Tanaka de Almeida e Gasparina Camarada
Certa vez o caipira do Cucuera foi na cidade aresolver uns problemas
quando foi usar o banheiro no metrô. Lá encontrou a loira do banheiro.
Chamava -se Tanaka Panaka de Almeida.
“ A senhora me desculpe usar o banheiro das mulé é porque dos homi tá
quebrado” disse ele para uma loira.
“ você não me reconhece, eu sou um fantasma. Sou a loira do banheiro.”
disse o fantasma
“ dona muié, nóis é da roça. Isto é lenda urbana. Lá temos outras lendas e
causos. É outra cultura" Afirmou o caipira
“ eu sempre quis morar em uma fazenda” disse ela.
“ então venha morar um tempo conosco, sou solteiro e moro com meus
velhos” convidou o caipira.
Assim que chegou no Cucuera, na fazenda de caqui. Foi apresentada ao
velho e a velha. Que acharam a mulher um pouca branca. Talvez era
albina. O velho era neto de português e a velha neta de japonês. O caipira
tinha olho puxado de oriental e cérebro de português. Sobrenome Tanaka
de Almeida. No Brasil tudo é mistura. É o país mais mestiço do mundo. A
loira começou a dirigir trator e a usar chapéu de palha.
Ela tinha um força muito grande. Força de fantasma. Ajudava ela a
carregar pesadas caixas de caqui e colocá-las no caminhão. Aprendeu a
dirigir caminhão. Estava ela já se adaptando a vida na roça.
A dona fantasma contou lhes sua estória, que havia se suicidado em um
banheiro e agora assombra pessoas em banheiros públicos. Só não dava
para assombrar caipira, acreditam eles mais na lenda da mula sem cabeça.
Eles acharam que a moça estava brincando.
Sua mãe lhe disse: “ olha Tanaka, não sei como uma mulher dessas, bonita,
com peito grande e bunda grande, pode gostar de um matuto retardado
mental como você. Você mora na roça nesses cafundó, fica plantando
caqui, claro que você tem um bom coração, mas é feio que dói. Tu já tens
quase cinquenta anos e nunca namorou. Essa mulher pode tá interessada na
nossa fazenda.”
Caipira Tanaka: “ tem gente que olha o coração”
Mãe: “ quem olha o coração, é cardiologista, mulher gosta de homem forte
e bonito ou rico ainda mais uma cavalona dessas.”
Tanaka: “ mãe a gente é amigo, estamos se conhecendo”
Mãe: “ abre o olho japonês !”
O velho fumava tabaco de fumo de corda e soltava pum o dia inteiro.
A loira não queria falar mas falou:
“ seu velho, o senhor só sabe soltar pum o dia todo e fumar esse cigarro
caipira fedido?”
Velho: “ olha minha filha eu nessa vida já trabalhei muito na roça, sabe?
Plantei muito caqui e outras hortaliças. Fiz três filhos irmãos do Tanaka, só
Tanaka mora aqui. A minha pipa não sobe mais. Vida de homem velho é
soltar pum e fumar fumo caipira. Já que a pipa não sobe mais, pelo menos
o intestino funciona bem.”
Todo velho gosta de relembrar o passado e falar em que trabalhou ainda
que não tenha trabalhado. Vivem os velhos de nostalgia. As pregas já
estouraram, já se afrouxaram por causa da idade. Soltar pum é hobby, um passa tempo.
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A loira do banheiro tinha se suicidado por causa de um depressão. Mas
vivendo com aqueles idiotas, ela voltou a acreditar na raça humana. De
que ainda existem pessoas boas. De que vale a pena viver. E a vida é boa, e
depressão é um transtorno mental que deve ser tratado pelos médicos
especializados em psiquiatria.
O caipira ensinou a loira a arte de plantar caqui, dirigir trator, caminhão e
alimentar patos e galinhas.
Loira chamando as galinhas: “ til, til, til... olha milho”
debulhava ela o milho para dar as galinhas. Usava a loira agora um grande
chapéu de palha na cachola por causa do sol. A velha deu livros do
kardecismo para a loira se torna fantasminha camarada e deixar a obsessão
de lado. A noite a luz de um candeeiro ela lia seus livros. A velha deu um
livro do Zé Pelintra também.
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A loira seguia aos sábados pela Estrada do Nagao, para vender seus
produtos na feira da cidade. Pilotando o caminhão da família.
Depois de uns três meses a loira cansou-se da vida na roça e conversou
com o Tanaka de Almeida:
“ olha Tanaka, eu gostei muito de você. Você é feio e burro, mas tem um
bom coração. Mas eu sou mulher da cidade. Esse negocio de roça é
bucólico. Vou voltar a cidade. Os livros que sua mãe me deu me ajudaram
muito. Agora sou fantasminha do bem, sou camarada. Que nem estória de
fantasma americano.... sou um fantasminha amigo. Tu é feio que dói, eu só
quero ser sua amiga. Não quero namorar com você.”
Tanaka: “ se é dos Estados Unidos é bom. Apesar que hoje em dia tudo que
é americano é fabricado na China.....” afirmou o japonês com cérebro de
português. Tanaka chorou muito por causa da loira, ele queria perder a
virgindade já com quase cinquenta anos. Ainda mais um loirão daqueles.
Só que ele não era obsessivo. Pensou em chamá-la de loira aproveitadora.
Ele era idiota e estava feliz com o que era. Ele se aceitava como idiota, não
era frustrado. Pessoas que se aceitam são mais produtivas na vida e na
sociedade.
A loira ficou conhecida como Gasparina, assistiu ela o filme do fantasma
camarada. Ficou ela boazinha. Não assusta mais ninguém.
Esses americanos inventam cada uma. Fantasma camarada? Nós no Brasil
temos tantos fantasmas. Temos a loira do banheiro, a mula sem cabeça,
boitatá e tantos outros. Temos o fantasma da fome, da corrupção, o
fantasma da pobreza e da miséria. Tem muita empresa pública e
departamento público que tem funcionário fantasma para lavar dinheiro
público. O fantasma da drogas. Aqui nesse lugar não falta fantasma.
Nesse negócio de politicamente correto até fantasma é camarada.
Tanaka continuou sozinho. Comprou uma boneca inflável de aparência
oriental. Para manter a raça. Ele queria espetar seu pen drive na loira e
transmitir seus dados, seu sonho não se consumou. Tanaka entende muito
de computador, mas não de espetar pen drive.
Temos medo dos vivos. Só idiotas tem medo de fantasma. Tenho medo da
fome e da pobreza. Tenho medo dos vivos porque são eles que fazem o
mal. Esses americanos e suas estórias de fantasmas.......