LEMBRANÇAS INUSITADAS DE GURI
Hoje durante, o meu chimarrão da madrugada, me veio a lembrança um Verso que ouvi da boca do meu amigo Aécio Monte que, aos finais de tarde, saia do Foro de Rosário do Sul, onde trabalhava no Cartório do Seu Eduardo Oliveira, e passava na nossa casa para jogar umas partidas de Pif com o meu pai e com outros amigos se reuniam, todos os dias.
O Aécio depois de perder muitas partidas estava, finalmente, pifado esperando por uma Dama de Espadas.
Eu sabendo que não era permitido guris na jogatina ficava à vontade para, discreta e silenciosamente, "peruar" o jogo de todos...
O jogo deu duas ou três voltas e nada do Aécio tirar a maldita Dama de Espadas ou ela ser descartada por algum dos jogadores...
Até que, na jogada seguinte, caiu na mesa a Dama de Espadas, descartada que foi, pelo Luiz Adão .
O Aécio gritou: Bati.... mas o tio Ivo Machado que, jogava de Mão e que tinha preferência, bateu na frente do Aécio.
O Aécio, pegou sua bengala, levantou-se da mesa desistindo do jogo e largou esta preciosidade, em espanhol, furioso de raiva contra a sua Dama de Espadas que, ingratamente, tinha lhe renegado:
Se los mares fueram tinta
Y los cielos fueram papiel
Y lo peces escribanos,
escribiendo con mil manos,
no escribirían em mil años
La maldad de una Mujer...
Se despediu de todos, e foi embora, silenciosamente, deixando impresso na história da minha vida de guri, a grande lição de que se pode ser, educado, lírico e poético, mesmo quando se perde, no jogo de cartas ou no jogo da vida, esperando uma Dama de Espadas....