O Barão JJ - BVIW

Tema: o último conto

Em 1833, José Joaquim Ribeiro Carvalho Lima chegava no sul de Minas Gerais com sua caravana de charretes, carroças e mulas depois de quase um mês de viagem. Em três das charretes, sua esposa Maria Carlota Ribeiro Saraiva Lima e uma penca de filhos, quatorze no total, sendo nove mulheres e cinco homens, esperavam ansiosos para verem a fazenda recém adquirida pelo homem da família. Era madrugada e o hálito fresco da manhã de outono fazia a pele arrepiar. Quando a caravana parou no pátio de café diante da grande casa colonial, Clarice, a filha mais velha, ficou de boca aberta ao ver um casario tão imponente. O lugar chamado de Fazenda Iolanda, em Atenas Sul Mineira, tinha a casa do barão ao centro e as senzalas pro lado norte. O imenso terreiro para secagem do café e as lavouras, descendo e subindo colinas, enchiam de admiração os olhos de quem pudesse ver. Barão JJ, como era chamado, apeou da charrete, espreguiçou e depois sorriu orgulhoso, puxando os fios do bigode, enquanto lambia com os olhos a propriedade que comprou, conto por conto de réis. Ali cabia um baú de barras de ouro, o lastro dessa moeda brasileira. Faz a mudança, depois de pagar o ÚLTIMO CONTO, homem orgulhoso e direito que era, cuja palavra valia um fio de seu bigode. Foi até a charrete de Maria Carlota, pegou-a pela cintura e lascou um beijo na sua boca, algo que deixou a todos acanhados. Ruborizada, mas muito feliz, Carlota ordenou à mucama Jurema: desça as crianças para correrem pelo terreiro; depois de um quarto de hora poderão entrar na casa. Deu o braço ao seu marido e subiu as escadas do casarão. A conta de filhos poderia aumentar ali, já que o caçula acabara de fazer dois anos…