Cinça Plasil
A festa na discoteca foi brava. Um embalo de sábado à noite, Vinte anos depois. Cuba Libre foi tanta que Johnny Rivers, John Travolta, Karen Lynn apagaram o balão. Sarro rolou direto no salão, um rapaz passou pelado e ninguém estranhou, gerações musicais interagindo sem preconceito. Nosso herói escapole numa boa, O fígado já não é o mesmo, mas nem o antigo aguentaria. A barra pesou.
De manhãzinha, graças a Deus, acorda em casa, no sofá azul da sala, sem saber como entrou, suando em bicas. Se a prima Ione estivesse por perto, não perderia a piada: "suando em Bicas, Santa Luzia, São Benedito, grande Beagá ..." Mas não terminaria a frase, quase sufocada de tanto rir... normal. Porém, não estava por perto, o homem do fígado continua procurando remédio nos armários, com a certeza de que só vomitando ia acabar com o mal estar e a dor de cabeça.
Precisa só de entrar no banheiro, só isso. Depois, uma dormida e, depois, já está "hábito" a assistir Pitangui e Caveirinha, apesar de ser diretor do Flor de Minas. Mas não perde jogo nenhum. Opa, banheiro livre, vamos logo vencer essa barreira. Vamos vomitar e espantar esses maus olhados e fluidos indesejáveis. Concentração, vem primeiro alívio. Uns minutinhos depois, o segundo. Falta o terceiro, mas uma repentina batida na porta tira sua concentração. É a filha adolescente, impaciente, mandona... Bate com força e grita:
- Abre essa porta, preciso entrar urgente... urgente... abre...
- Espera...Espera, pô...
- Eu preciso agora... Agora!!! Agora!!! E esmurrava a porta, Cinça, como vó Lóia a chamava, se achava a dona do mundo.
Mas o fígado não ajudava, o pai estourou:
- Para plasil, não deixa nem eu vomitá...
-