SONHAR É MELHOR
Sempre fui muito sonhadora e lutei bastante para não perder essa característica. Todas as vezes que a vida derrubava meus castelos, no outro dia, lá estava eu, com pregos e martelo, para dar segurança ao próximo empreendimento.
Descobri muito cedo que não existia Papai Noel, que as fadas e seus contos eram só histórias para meninas românticas, cheias de ilusões, mas mesmo sabendo a verdade, escolhi acreditar em muitas coisas, porque a vida ficava muito sem graça, sem essas crenças.
Lembro-me que muito depois de abandonar a infância, ainda olhava embaixo da cama, toda manhã de 25 de dezembro, porque de repente Papai Noel podia me fazer uma surpresa.
E na verdade, não conto a ninguém, mas até hoje ainda olho!
E foi assim que aos cinco ou seis anos, continuava vendo tudo por uma ótica singular de pura fantasia. Os elevadores eram caixas mágicas, pois entravamos nele, e num passe de mágica, ele transformava o local em outro cenário. Nunca percebia que era outro andar, achava mesmo isso.
Os cavalos eram alimentados com pão de ló, por causa de um dito popular, muito falado por papai, quando algo era dispendioso: “É mais fácil sustentar um cavalo à pão de ló”
E as coisas que acreditávamos naquela época, que hoje parecem absurdas:
Já adulta continuava prendendo um pouco d’agua em um copo emborcado no pires, quando queria ir a um passeio, porque coincidência ou não, passava a chuva!
Após terminar o ginásio, trabalhando em uma empresa de Turismo, a imaginação ainda era o meu forte (ou fraco):
As fitinhas de telefax eram pura fantasia. Ficava imaginando que algo muito secreto, poderia ser enviado por algum desconhecido.
E muito mais tarde, ao me deparar com as tecnologias:
Sempre achei que o símbolo do Excel, fosse um aviãozinho. Fiquei frustrada quando percebi que que é só um gráfico.
Mas a pior descoberta foi quando um dia, do nada, entrei na sala, onde estavam assistindo Homem Aranha na televisão e descobri que a roupa que ele usa, não era processo de uma metamorfose, como sempre acreditei, mas sim, feitas por uma costureira. Fiquei arrasada. Destruíram todos os meus sonhos de infância!!
Hoje já sou avó, mas continuo brincando com os meus netos, como se tivesse a idade deles. Sonhamos e imaginamos juntos, um mundo melhor que o real, mas que tem o poder de segurar nossos castelos, mesmo que precise usar aquele martelo e pregos...