O menino e o Ermitão
Um dia um Ermitão me falou assim.
-A última coisa que queremos é morrer. A sinfonia da morte vai chegando perto e mais perto, quando quase não a ouvimos é porque ela está tão longe que parece até que nossa vida nunca estará perto de acabar. É aí que nos enganamos. A surdez nos chega porque ela ficou tão alta que não escutamos nem os nossos próprios pensamentos. Os loucos que digam.
O Ermitão era velho, tinha uma barbicha branca e grisalha com meros fios pretos, que carregavam uma parte de sua vitalidade. Ele me disse que não acreditava em saudade, não aceitava dormir com quem o preocuparia. Sua caminhada é muito longa, sua vida que era pouca.
-Me diga menino, qual seu nome?
-Meu nome é Jonas
-Jonas, oque é paciência para você? Ele me olhou com um pouco de receio e ansiedade por minha resposta - É esperar alguém ou algo. - Ele riu - A paciência não espera jamais! Ela é a pedra do nosso sapato, que controla o nosso andar. Se você aprendeu algo com a vida, foi a paciência que lhe fez despertar. A natureza do homens é destruir, a paciência os fará um dia a respeitar.