Fazenda da Mata.
Fazenda da Mata.
Na frente da cozinha, nos fundos do casarão papai cuidadosamente construiu com pedras de um lado e de outro uma barragem com as suas comportas para controlar a vasão da agua conforme a necessidade da lida diária.
As águas represadas eram direcionadas na hora que se necessitava para o monjolo, para o carneiro subir água para abastecer a caixa; para o moinho de pedra e sempre a noite se abria a comporta para a usina elétrica e depois a agua seguia a grota, onde encontrava sua outra metade.
Acho que a magia começava nesse córrego pois quando se aproximava a noite, o sol se punha a lua era refletida naquelas águas.
A sinfonia mágica começava. Se ouvia dezenas de sons começando gradativamente até formar um som de orquestra.
Parece que a saparia, todos queriam coaxar mais alto e se destacar com as aves noturnas, os grilos e outros insetos.
Os sapos pareciam organizar a ida ( as escondidas ) a grande festa no céu.
Ouvia se por longo período o destaque de um sapo que dizia:
- Joao, você vai ? E a resposta vinha quase no mesmo tom:
- Vou! E estas falas se repetia por muito tempo até alta madrugada.
Ai vovó dizia ele estão pretendendo passar a perna no urubu se escondendo dentro da viola para irem a festa, pois eles não tem asas.
Mas ai é uma outra estória que você ja deve ter ouvido e conhecido o resultado dessa façanha, né!?
A quantidade de vagalumes e pirilampos eram tantos que ate parecia a via láctea passeando pela terra.
Mas as vezes se ouvia la fora um uivado de lobo do mato.
Quando se ouvia cacarejar la no galinheiro podia ser algum predador de galinhas vovô saiu correndo para espantar o bicho.
Durante o dia eu tinha muita nos atividades, gostava de percorrer o richo em minha jangada em companhia de um cão para minha segurança caso alguma cobra aparecesse ser avisado. As vezes parava e corria ate o pomar colher algumas frutas fresquinhas e voltar até ouvir alguém la na janela chamar para almoçar, Não podia atrasar pois vovô gostava de todos a mesa para a refeição.
Após o almoço muita coisa ainda a fazer, gostava de percorrer as valas que funcionava como impedimento para os animis ultrapassar, Sabia os pontos acessíveis e percorria por aquelas valas coberta de vegetações exuberantes, até algumas frutas, era comuns encontrar muitas avencas, que se espalhavam por barrancos vados pela erosão. Eu sabia onde havia as mais lindas moitas de avenca. Amoras madurinhas entre outras frutas silvestres era comum encontrar!
Outro tio de cerca divisória eram as muralhas feitas de pedras empilhadas que começavam lá nos fundos do pomar subia até o curral sendo interrompida na divisa com a area interna da fazenda.
Depois a muralha começava do outro lado da casa a partir estrada de frente a janela da cozinha começava.
Muita pedra cortada foram usada e empilhadas uma sobre a outra depois de prontas medindo cerca de um metro de largura por cerca de um metro e meio de BH altura atingindo cerca de ate quilômetros separando pastos e/ou mangueirais.
Hoje praticamente não mais existem,..as pedras foram sendo retiradas para diversos fins e a cerca com arames farpados e moirões foram sendo usados em lugar das pedras e valas.
Por muitos outros caminhos, riachos, rios e florestas mágicas passei. Mas isso fica pra outra postagem.
Segue foto da região, da fazenda onde passei boa parte de minha infância e adolescência e onde se passa essas estórias causos e citações.
© Adauto Neves