O SUBSTITUTO

Cronograma atrasado pelos percalços da mão de obra deficitária. Cobranças vindas de todos os lados, empreiteiros, condôminos, CREA, fiscais do trabalho...

Bartolomeu, nos seus mais de dez anos de formado, jamais tinha passado por dias tão preocupantes, entretanto não lhe passou despercebida a presença daquele homem cujo aspecto denotava pobreza, postado diariamente junto ao alambrado que demarcava o canteiro de obra.

- Seu Silva, quantos faltaram hoje? (perguntou ao mestre)

- Faltaram oito, doutor. Essa gripe está acabando com o pessoal.

- O senhor viu aquele homem junto ao portão? Deve estar procurando emprego. Pergunte o que ele sabe fazer e contrate...

- Bom dia. Eu sou o mestre dessa obra e estou precisando contratar mais gente para adiantar o serviço. O senhor já trabalhou de pedreiro?

- De pedreiro... ainda não.

- Mas tem alguma especialidade, hidráulica, elétrica...

- Eu tenho especialidade sim. Sei fazer muito bem o que aquele homem de capacete branco faz.

- O senhor é engenheiro?

- Olhe, para andar de um lado para outro, tirar o capacete e coçar a cabeça não precisa ser engenheiro não senhor...