O FAZENDEIRO E A ÍNDIA

Pensando em expandir um pouco mais a sua longínqua e verdejante propriedade, um senhor de idade, solteiro e residente na cidade, costumava de vez em quando nos fins de semana ir visitar e inspecionar os seus imóveis rurais.

Um dia, ao encontrar por lá um grupo de indígenas mansos que naquele momento andava perambulando pelas matas, por uma bela e jovem índia

aquele senhor se apaixonou. Já há algum tempo era civilizada a tribo a que pertencia aquela moça índia; mas sempre mantendo e conservando fielmente seus costumes indígenas e o peculiar e inerente apego às áreas florestais.

Depois de algumas semanas de um namoro superficial, aquele contrastante casal, com o consentimento e permissão dos pais da noiva, resolveu então se casar; e a cerimônia condizente aconteceu lá mesmo na tribo, em meio à natureza e diante dos silvícolas, pois a jovem nativa, decididamente, não quis se deslocar da sua aldeia para ir subir ao altar de uma igreja lá da cidade.

A indiazinha, porém, depois de casada resolveu não ir morar com o esposo na cidade, preferindo permanecer ali nas matas, onde aquele pequeno fazendeiro citadino não queria morar de jeito nenhum; ele apenas possuía pequenas propriedades rurais naquela região. Tratava-se, pois, de um ambiente selvagem e totalmente diferente daquele onde ele nascera e fora socializado, e morou por toda vida.

Chamando-a sempre pelo nome carinhoso de ”Caboclinha”, a toda hora o esposo apaixonado, ali já preocupado e triste, delicadamente insistia:

“Vamos comigo para a cidade, Caboclinha! Vamos morar lá! Quero te fazer sempre muito feliz! Vamos, minha Caboclinha!”.

E a indiazinha formosa, com birra sempre respondia brava e obstinadamente:

“Vou não! Não vou sair daqui! Aqui é meu lugar!”.

Talvez pelo fato de se tratar de costumes e culturas diferentes, em uma sociedade que lhe era desconhecida, ela não queria, em hipótese alguma, sair de perto e se afastar do seu grupo indígena e da floresta, recusando-se a ir morar na cidade.

E, assim, o até pouco tempo “rapaz velho solteiro” voltou a morar sozinho na cidade.

Enquanto a jovem índia ficou lá na floresta, permanecendo em sua aldeia.

Como diz a conhecida expressão: “Cada um com seu cada qual”.

A bem da verdade, não existe cultura superior ou cultura inferior em relação a outra, mas apenas culturas diferentes.

Obs. Esse fato ocorreu muito tempo atrás.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 10/04/2023
Reeditado em 12/07/2024
Código do texto: T7760517
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