Justiça de águas passadas

Na delegacia de polícia... ... ...

— Seu delegado Obiron venho fazer aqui um BO, disse um homem eufórico.

— Certo seu Rubens, sente-se aqui. Pode relatar o que houve.

— Fui roubado. Vendi uma moto para um cara que pensei ser meu amigo, até hoje ele não me pagou.

— Como foi feito a venda? O senhor tem como provar? Perguntou o delegado enquanto digitava.

— Sim, aqui está os recibos de seis meses atrasado, e ainda me passou um cheque sem fundos.

— Ótimo, está feito o registro, agora fique calmo, vá para sua casa e aguarde para ser intimado.

— Obrigado, até breve Doutor.

Duas semanas depois... ... ...

— Bom dia a todos, vamos direto ao caso, disse o delegado. Estamos aqui para resolver a causa dos senhores da melhor forma possível, sem a necessidade de legar para o juiz. O senhor está sendo acusado mediante provas de dever dinheiro e passar cheque sem fundos. O senhor Bericio reconhece algumas dessas provas?

— Certo, mas seu delegado é que no momento eu nao tenho como pagar. Não tenho dinheiro.

— Mas você tem dinheiro para encher a cara né, seu caloteiro? Disse o seu Rubens, enfurecido.

— Lamento muito por isso, falou o acusado seu Bericio.

— Então dê seu jeito e me pague.

— Não tenho de onde tirar o dinheiro Rube, estou desempregado homem e eu cai da moto, não tenho como conserta-la. Num já lhe expliquei.

— Viu isso doutor! Quero é que a justiça seja feita. Eu exijo!

— Tudo bem, tenham calma que vamos fazer justiça aqui. Falou o Doutor preocupado.

Ele se pergunta: O que faria Salomão?

— Bom vamos julgar o caso da melhor forma possível. O que o senhor Bericio pretende fazer para seu Rubens receber o dinheiro dele?

— Doutor veja bem, se eu for preso ele não vai receber mesmo. Não tenho alguém que pague por mim. A única coisa que podia me fazer pagar seria a moto, mas danificou-se no acidente.

Agora não vou trabalhar no ifood, então... encerrou o acusado sua defesa.

Ah, me desculpe Rube pensei que pagaria todas as minhas dividas assim como tu fez há um ano atrás, acrescentou.

— Ah, mas isso são águas passadas, aquilo ficou no passado, disse o seu Rubens.

— O senhor tem algo a mais para acrescentar? Pergunta o delegado para o seu Rubens.

— Esse bebum, me deve já faz mais de seis meses, é um desleixado, e se não podia comprar minha moto, porque comprou? Quero justiça.

— Minha pergunta é... Querem justiça mesmo ou continuar a negociar a dívida?

Insistiu mais uma vez o delegado.

— Quero justiça! Exclamou o homem lesado enquanto seu Bericio baixa a cabeça sem dizer mais nada.

— Pois bem senhores, a minha sentença é a seguinte...

Segundo os registros que temos em mãos há um ano e meio atrás o senhor Rubens esteve envolvido em um acidente de trânsito onde sua pessoa omitiu assistência e se esvaiu do local com o carro em alta velocidade. Certo?

— Calma, Doutor isso é passado. Esse caso nem foi para frente. Disse o homem com a voz trêmula.

— Pois bem, como não houve uma negociação vou dar o caso por encerrado até o julgamento.

Procurem seus advogados pois o senhor Rubens está detido e será preso, se condenado pegará pena de

3 anos e 4 meses na cadeia do Alto Xilindró. O acusado senhor Bericio pegará 2 anos e 7 meses de detenção penitenciária Sol quadrado.

— O que é isso seu Doutor, o senhor perdeu a cabeça, foi?

— Oh rapaz, veja lá como fala comigo, isso poderá ser considerado como desacato à autoridade. Reprendeu o delegado em voz alta.

— Doutor, venha aqui. O senhor está me desconhecendo? Esqueceu que lhe dei um sinal da nossa amizade naquele dia? Disse o homem ironicamente.

— São águas passadas meu camarada, sussurra o delegado.

Carlos Simplicio
Enviado por Carlos Simplicio em 25/03/2023
Reeditado em 25/03/2023
Código do texto: T7748763
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