HISTÓRIAS DO TEMPO DA MINHA AVÓ

 

 

   Sou do tempo quando a gente, as pessoas mais velhas, meninos e meninas, até crianças, se sentavam no terraço ou numa varanda,também podia ser no terreiro ou até na calçada em plena rua com seus postes acesos, para ouvir histórias de trancoso e de assombração, o que ajudava a passar o tempo até chegar a hora de dormir e tomando todo cuidado para não se assombrar, tinha que rezar antes. E quem contava essas histórias? Geralmente eram pessoas mais velhas, as vovós, por exemplo, pelo menos a gente só ouvia essas histórias no tempo das nossas avós. Eu era menino, criança para falar a verdade, quando minha avó contava histórias. Eu adorava, saía todo tipo de enredo.

Nessa época tinha também um programa de rádio chamado "Mistério do Além", uma vez por semana, eu não perdia, quando chegava a hora eu ficava lá no pé do rádio (tempo que ainda a gente não tinha televisão) e me deslumbrava com as histórias contadas num clima de suspense com um fundo musical próprio para o relato.

Mas voltando para o caso da minha avó, do seu tempo, quero dizer, não existia coisa melhor do que essa reunião quase todas as noites depois da janta (hoje usa-se mais o termo jantar). Eram histórias que me deixavam perplexo, naquela dúvida se o que foi contado era verdade mesmo ou era fruto da imaginação de quem inventou, pois os contadores de histórias já recontavam o que contaram para eles. Nesse tempo eu tinha muito medo de andar por ruas escuras e se faltasse energia, pelo amor de Deus, todo mundo ficava bem juntinho, um coladinho no outro.

Quanto ao programa "Mistério do Além" depois ele passou a se chamar "O Que o Mundo Esconde", mas com o mesmo sentido, ou seja, relatar fatos sobre assombração supostamente vividos por alguém. A morte sempre foi um temor para mim, fantasmas povoavam sempre a minha mente e um cemitério para mim era motivo de medo.

 

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 13/02/2023
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