Causo 6 do livro "Casos Inacreditáveis de Coribe", de Marcos Macedo.

Causos de Coribe - Batendo forte na porta à noite

| O causo apresenta um mistério... mas vai além disso, pois mostra a realidade passada da família do Sr. T.C.B. e H.M.B. |

 

O caso aconteceu no povoado Lagoa do Lucas, numa casa caindo aos pedaços, onde morava a família do Seu Guanambi, composta por ele, sua esposa Dona Lapa e três filhos pequenos.

 

Era à noite e todos já estavam dormindo, com exceção do Seu Guanambi, que tinha acabado de se deitar. Minutos após o apagar da candeia, alguém bateu na porta, acordando a dona da casa.

 

Disse dona Lapa, debaixo dos lençóis na companhia do seu marido:

– Vai lá ver o que está batendo na porta!

 

Respondeu-lhe Guanambi:

– Vai dormir mulher, não é nada não!

 

A meninada já estava dormindo naquele momento.

 

Passados alguns minutos, outra batida na porta foi dada, desta vez mais forte. Dona Lapa saltou Seu Guanambi na cama, pulou no chão e foi lá verificar.

 

Não ouviu nada enquanto estava com os ouvidos pregados na porta. Demonstrando sua imensa coragem, girou a tramela, abriu a porta e olhou no terreiro, mas nada foi visto por ela.

 

Não tinha nada ali, apenas árvores balançando lentamente pela força de uma agradável brisa. No mais, via-se o clarão da lua. A mulher corajosa entrou para dentro da casa, fechou a porta, passou a frágil tramela e foi se deitar.

 

Naquela madorna, antes de pegar no sono de verdade, o pior aconteceu...

 

As pancadas na porta foram estrondosas, tão fortes que, após a segunda batida, eles ouviram aquela singela estrutura de madeira de cedro desabar naquele chão estucado.

 

No espanto que levou, disse a mulher ao pai de família:

– Nambi, pelo amor de Deus Nambi! Derrubou a porta Nambi... corre lá... o que foi isso será? Só pode ter sido alguma pessoa e pelo jeito já está é dentro de casa!

 

Três foram as pancadas fortíssimas naquele momento: a primeira foi para despertá-los da madorna; a segunda para esbagaçar a porta, estilo arrombamento; a última foi a batida da madeira ao cair no chão.

 

Nesse meio tempo, os dois se levantaram depressa, acreditando firmemente que a porta estaria caída no chão. Enganaram-se! A porta estava intacta!

 

De todo modo, a mulher saiu pela porta da frente e o homem pela dos fundos. Apenas uma certeza eles tinham: não era nada normal aquilo!

 

Durante a rápida atuação e tomada diferente de rumos, numa espécie de combinação instintiva, logicamente a mãe foi para o lado onde os filhos estavam dormindo, que era no quarto da frente, o mais próximo da porta vítima das pancadas.

 

O maridão, por sua vez, saindo rapidamente pelos fundos, com sua marcante experiência de mexer com gado, deu a impressão que combinou o jogo previamente com sua mulher mais ou menos assim: um “toca” o outro “ataia”.

 

Dona Lapa, ao sair da casa, não viu nada ali na frente. Mas ao rodeá-la, indo de encontro a Guanambi, que a esperava nos fundos, avistou algo estranho: uma fumaça branca, na forma de uma pessoa, foi de pouco a pouco sumindo nas sombras escuras do pé de umbu!

 

Apesar da noite clara, devido à claridade da lua, as sombras faziam uma escuridão perfeita para abrigar aquela livusia brava e Seu Guanambi já a tinha avistado segundos antes de Dona Lapa, já que chegou nos fundos da casa primeiro do que ela...

 

Marcos Macedo (Cantor)
Enviado por Marcos Macedo (Cantor) em 09/02/2023
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