O DENTE DO VELHO SENHOR SERTANEJO

Num longínquo dia do passado aqui no Sertão, um senhor agropecuarista e residente aqui na localidade, sentiu-se muito mal, com uma terrível e insuportável dor de dente, daquelas... E de repente, ele teve uma ideia: Ir à casa de um parente seu que, além de agropecuarista, exercia também a profissão de carpinteiro; e, por isso, possuía todas as ferramentas úteis e necessárias para a prática de suas atividades na carpintaria.

Chegando lá no fim da tarde, o velho senhor de opinião firme e com forte dor de dente, e também assim meio aborrecido, perguntou repentinamente: “Compadre, você tem aí um alicate grande e bom para fazer uma operação”?

O senhor carpinteiro, então, respondeu: “Tenho uma ‘truquesa’ (turquesa/torquesa/torquês/tenaz)... Por que, compadre?”.

“Porque quero que você arranque agora um dente meu aqui de minha boca, que está doendo feito a moléstia, e quero dar fim nele! E se você for homem de verdade, faça-me isso! Tire este dente agora!”, ordenou aquele duro e severo senhor.

E começou o serviço:

Sem anestesia, no cru mesmo, o carpinteiro fixou e prendeu a velha “truquesa” (torquês) no dente do velho e corajoso senhor; mas, em virtude de o dente ser forte e difícil de arrancar, os dois, atrelados e sisudos, àquela altura andavam de um lado para o outro dentro da sala da oficina de carpintaria da casa, na tentativa rigorosa e séria de remover ou extrair aquele dente, já sangrando. E então feito loucos, rodopiavam para lá e para cá... Era uma cena de certa forma hilariante. E até que enfim, o carpinteiro conseguiu arrancar o dente do velho e viril senhor, que daí a pouco, sem gemido nem lamúrias, foi-se embora com a boca ainda sangrando um pouco. Já era noite...

Picos-PI

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