AS TRILHAS HISTÓRICAS

Os primeiros colonizadores aventureiros portugueses, que adentraram pelos sertões brasileiros, com suas ferramentas primitivas abrindo picadas nas matas virgens em busca de seus ideais, empossando suas vastas áreas de terras, denominados sesmarias. Foram verdadeiros heróis. Enfrentaram epidemias, animais peçonhentos e uma série de adversidades. Uma das maiores dificuldade enfrentadas foi à limitação dos bens de consumo, materiais e falta de equipamentos para suas locomoções. O acesso à água, o principal elemento que dá suporte à vida no planeta. Em seu consumo doméstico e a necessidade de utilizá-la como força motora nos seus projetos de sobrevivência; motivaram nossos ancestrais a fixarem suas residências às margens dos lagos, rios e ribeirões.

Suas picadas e trilhas abertas a facão foram as primeiras e únicas vias de comunicação interligando as residências e aldeias que aos poucos povoaram o sertão. Limitando-se ao lombo do cavalo como meio de transporte, embora precários e cheios de obstáculos, essas vias motivaram o conceito da cordialidade e da boa vizinhança entre os habitantes daquele ermo sertão. Além das dificuldades, uma teoria errônea impregnada em seus conceitos, se tornou uma tradição. Entendiam eles que para trabalhar na roça, se o filho soubesse assinar, o nome seria o suficiente. Alguns mais esclarecidos acrescentavam a essa teoria a importância de aprender as quatro operações da matemática e nada mais que isso. A educação que atualmente é prioridade na vida de qualquer ser humano, no passado foi privilegio de poucos, e emperrou o desenvolvimento social de uma forma negativa, uma constrangedora síndrome gerando coletiva; “pais e filhos analfabetos”. Com as rédeas do subdesenvolvimento nas mãos o tempo cavalgou vagaroso no dorso do primitivismo e manteve essa situação de analfabetismo por muitas décadas e até mesmo por séculos. Lá pelo ano de 1790, Manoel Ribeiro se casou com Maria Rodrigues, filha de Félix Rodrigues e de Maria d’Assunção, residentes no Buriti do Jorge. Nessa mesma época Manoel Ribeiro recebeu de seu pai como dote, a fazenda Bom Jardim do Picão, adquirida de seu próprio sogro Félix Rodrigues. Ele que era proprietário da vasta sesmaria adquirida de Gonçalves Lima. Nesse local Manoel Ribeiro fixou residência e montou seu engenho que mais tarde deu nome ao distrito. Manoel Ribeiro faleceu em 1804. Mas a convivência de sua geração com o analfabetismo ainda perdurou no Vale do Picão por mais de um século, emperrando o desenvolvimento da fazenda Bom Jardim do Picão o atual Engenho do Ribeiro. O analfabetismo secular mantido se tornou um tabu difícil de ser quebrado e combatido. Faltaram os conceituados e sábios mestre escola conhecedores das letras.

Foto: (vizitando Tiradebtes acervo do autor)