Natal no Colo do Tempo

Dezembro era o mêis

O dia era vinte quato

Quando a tarde ino sem pressa

Pudia notá a revuada num maravia!

E a passarada se ajeitiano

O vento trazia o chêro das frôre do campo

E os meu zóio num dislumbramento

As nuve inté paricia um lindo manto.

As istrela aperparano pa mode sartitar no firmamento

E a cada segundo o breu da nôte vinha chegano

Era feitio a brisa que de mansin...

Ia se ajeitiano pa dexá aquele cenáro

Que inté paricia qui ia arrecebê arguém

E a Saracura lá no brejo grande...

Numa aligria a cantá

E óia qui o brejo era longe.

Os vaga-lume alumiava tão filiz

Qui mais paricia um balé

E o Bem te vi já in seu ninho

Veno tudim a sua manêra

Pa mode contá a todos no dia siguinte

E fazê a algazarra cum o restante da passarada

Que já in sono profundo

Sonhava na nôte incantada.

A lua cheia crareava a paioça do Seu Ambrósio

E a Dona Isidora contano históra ao Tunico e a Luzia

Naquele banquin surrado de Aruêra

Qui ali estava desde os tempo do Seu Genáro

Cabôco do chão bruto, pai do Seu Ambrósio

E tomem o proprietáro.

Riliquia de muitios anos

Qui vale oro ainda hoje im bão istado.

E a D.Isidora:

“ - Óia fios meu:

Aqui neste rincão

Seus avô prantô as isperança

Seus pai cum suore e sangue

Cunstruiu esta bonança

Foi presente que recebeu do véio

Pra ficá sempre na lembrança.

O dia era o de hoje

24 de dezembro

Numa nôte feitia esta

Inté parece o mermo cenáro

O sertão tava im festa

Na vespra do Natale

Ele chamô o vosso pai e disse:

Meu fio, este aqui é o seu quintale.

Pranta cum muitio amôre

Cuida bem da criação

Este recanto é um paraíso

É uma dádiva do Criadôre

Que tem o sole mais lindo

Que a álima já viu

Aqui é a fonte da vida

Onde meu belço surgiu.

Meus amados fio e ôcêis?

O qui de presente

Cêis qué neste natale

Quero vê a filicidade

Broitá nos seus zóiá

Pa mode alembrá de nóis

Com muitio carinho e ternura

Quando daqui viajá?

E Zefinha inmocionada

Foi logo pedindo:

“ - Eu quero um porta-retrato

Cum as fotos dôceis dois

Pa inhantes deu drumi

Rogar a Deus a ôcêis

Muitio obrigado meus véio

Qui tanto pro nóis fêis.”

O Tunico ovino aquilo

Dexô as lágrama pelo rosto rolar

E foi logo ao assunto e seu presente pidiu

Que lhe desse o veío arreio do seu pai

Pra na sala pindurá

Pois ali era um pedaço do amor

Daquele matuto guerrêro

Um grande disbravadô.

Do seu quarto caladinho

O Seu Ambrósio ôvia

As água dos zóio em pranto

Pelo seu peitio discia

Aquele momento era sagrado

Pois no ôtro dia nasceria

Aquele Minino Salvador

O fio da Virge Maria.

Seu Isidoro saiu do quarto

Todo imbriagado de inmoção

À famiage ele abraçô

Cum amôre no coração

Ele com sua simpricidade

Tomém se ajueiô cumprino a devução

As suas palavra foi de arripiá

Todo aquele rincão.

E ansim ele falô:

“- Obrigado, Deus nosso Pai

Pela sua infinita bãodade

Sabemo qui daqui a pôco

Vais anunciá o Natale

Do nosso grande protetore

Vai nascê o Minino Deus

O sagrado Jesuis Salvadôre.”

Naquele instante o galo cantô

Uma istrela gigante no céle rompeu

Ali se apircibia qui os trêis Reis mago

Cumprino os distino seus

Levava ôro, incenso e mirra

Para o Minino Jesuis

Naquela simpres manjedôra

Belço daquele qui nos conduis.

O Natale ta dende nóis

É a fé no Criadôre

É a caminhada filiz

Sem mágoa e nem dôre

A famia na simpres paioça raiz

Lare transbordante de amôre

Ali o viver e prantá é rilicas

É um máre de esprendôre.

Quem tem a terra tem isperança

E tomém leva fé nas andança

Caminha com Deus na guia

E agardece nas parage.

Tem o amparo do fio de Maria

Qui nos protege a cada sigundo

Seja nôte, seja dia

Ele é a luz do mundo.

Fica aqui arrigistrado

Esta linda passage

Qui num vai ficá no isquicimento

Pois, é ele meu cumpade

E me contô tudo isso com muitia sartifação.

É mais uma históra no tempo

Eu sou o Remundo do Bento

E tomém moro neste lindo sertão!

Inté!

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 13/12/2022
Código do texto: T7671036
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