O Opala Preto
O Opala preto
Buscando em meus arquivos pessoais no mais íntimo de meu cérebro, encontrei a história do Opala preto; ele entrou em minha vida por acaso, não o planejei e nem o desejei, simplesmente aconteceu e eu realizei.
Estava eu no meu local predileto na época, corriqueiramente bebendo cerveja em um bar, quando de repente apareceu diante de mim uma proposta de venda esperando alguém dizer sim, eu que sempre gostei de mistérios e desafios resolvi comprar aquele carro para melhor me apresentar.
Me foi feita a oferta e eu contrapropus, tinha dinheiro que precisava ser gasto, pois a inflação da época acabava com o dinheiro antes mesmo de o dia terminar, como tinha de gastar com qualquer coisa, porque não com aquele Opala preto, afinal dinheiro é para gastar e melhor gasto quando se pode com a compra, ter prazer e ainda impressionar.
Não sei se fiz um bom negócio, pois era carro demais para quem não se apegava às coisas materiais, entrava em qualquer lugar com pompa e metidês, parecia que queria dizer que era alguém, era só aparência, não era de malandragem, mas era preciso para manter a imagem.
Um dia resolveu parar o Opala para uma manutenção para garantir que poderia seguir com ele adiante, deixou em uma oficina e voltaria depois para pegar o possante, dias depois voltou para pegar, entrou no carro e saiu sem verificar se estava bem feito o que pediu ao mecânico uns dias antes, colocou seu filho no carona e sentou no banco do volante.
Saiu em disparada, tranquilo pois a manutenção é o que lhe garante, acelerou confiante pois conhecia o caminho que era tranquilo e reconfortante, O sinal fechou lá adiante, pisou no freio e percebeu que errou ao se sentir confiante, pois o freio não funcionou, liberaram o carro, sem o serviço está realmente pronto como afirmou quem liberou o possante.
A batida era inevitável, pediu ao seu filho que se segurasse, pois uma batida iria acontecer e não queria que se machucasse, puxou o freio de mão achando que era só isso que faria com que o carro parasse, mas também não funcionou, a merda estava feita, a batida aconteceria, só precisava que os dois se segurassem para ver o que acontecia.
Pensou rapidamente, seria bom bater em um poste para que o Opala parasse, mas ao avistar o mesmo de longe, percebeu que rodeado de gente e feriria pessoas se assim fizesse, e desviou do poste, pois não queria ferir gente inocente, seguiu em sua trilha destruidora, que ainda estava evitando, mas era questão de tempo vê o mal que estava provocando.
De repente, com sua mente trabalhando percebeu uma Belina na frente estacionando, não pensou duas vezes, desviou do poste, e dos carros na pista, tirou um fino em todos e mirou na Belina, e antes de nela bater um homem com um carrinho de compras cheio de cervejas em sua frente atravessou e para o alto o jogou, caindo em cima de seu capoo; pronto o carro parou! Mas estava apenas começando o seu terror.
Várias pessoas a volta em cima do opala subiu e queriam linchá-lo sem mesmo saber que na verdade estavam vivos por sua sensatez e intrepidez, pois teve tempo de pensar em todos evitando um mal maior, mas na afã da euforia de justiça, as cabeças não pensam e acabam cometendo, sim, injustiça.
Seu filho apavorado como criança que era, gritava com pavor do ataque daqueles que se sentiram ameaçados, não sabendo que suas vidas na mão de um louco tinham deixado, enquanto seu filho gritava de pavor, ele pedia para um deles um favor, entre no carro que vou lhe mostrar porque o carro não parou, se não obedecessem fugiria do local sem nenhum temor, pois a vida de seu filho na mão daqueles loucos colocou.
Depois que o tumulto se acalmou foi socorrer o ferido e o Opala por lá deixou, pagou os prejuízos do atropelado e do local se afastou, a polícia não apareceu e sendo assim não o incomodou, pediu ao mecañico que do opala se livrasse, pois não queria vê-lo nunca mais, pois uma tragédia escapou por querer aparecer com um carro muito audaz.
Essa história guarda em seu histórico de coisas que passou em sua vida e que só quer deixar para trás, percebe que foi um livramento, pois se mata gente ou perde seu filho, não se perdoaria jamais, passou a ter mais cuidado com objetos mortais, pois carro na mão de inconsequentes pode ser uma arma que só desgraça nos trás.
Nunca mais viu o carro, e viveu bem mais satisfeito, pois sabe que salvou vidas que seriam ceifadas pelo Opala preto.
JC Gomes