E no final da vida...(BVIW)
Elza morava no interior de Minas, foi professora rural durante toda a vida. E dar aulas na zona rural não é algo tão simples. Tudo é adaptado de acordo com o contexto das crianças. E ela trabalhava muito, pois precisava ir mais cedo para preparar a merenda das crianças. Buscar lenha, acender o fogão e deixar tudo pronto... Elza morava na roça, e gostava daquela vida que preenchia sua alma; a missão de educar e ensinar era muito importante para ela.
Passaram os anos ela conseguiu fazer uma casa na pequena cidade e onde ficava nos finais de semana para ir assistir as missas. Quando se aposentou começou a apresentar problemas de memória, até que em pouco tempo não conseguia fazer suas tarefas, estava com Mal de Alzheimer. Primeiro os filhos arrumaram uma cuidadora, mas não deu certo, não parava ninguém com ela, havia as dificuldades de relacionamento porque ela foi independente e não se conformava com alguém "mandando" em suas coisas e se desesperava:
- Sempre dei conta de minhas coisas, sempre fui responsável. E repetia. Eu já fui professora, já trabalhei muito. Disto ela se lembrava, e repetia o dia todo por conta da doença.
- Não quero ninguém aqui. Vá embora...E por falta de experiência com casos assim, elas iam embora.
Passou o tempo e Elza começou a cumprir uma escala de ficar cada mês na casa de um filho. Isso foi o caos, ela entrou em depressão profunda, não conseguia ficar de casa em casa em outro estado, estava mesmo sem lugar na cidade, nada a deixava feliz. Vivia chorando e pedindo para ir para a sua casa.O estado emocional se agravou,até que ela teve um AVC, foi piorando até amanhecer morta. E creio que esse é o final de muitas pessoas acometidas de M. A, a doença do século que está acometendo muitos idosos. "Sabemos como começamos, mas não sabemos como vai ser o nosso final de vida".
08/11/22
Temas BVIW
Sem lugar na cidade e Talvez fosse uma lenda