MEU ENCONTRO COM PABLO NERUDA
Esta noite eu estava visitando a casa de uns amigos, porque lá havia uma festa, e ao sair dela com Sandra, Bela, Ana e Dione encontrei com Pablo Neruda. Vejam só: ele morava na casa ao lado e acabara de passar por mim. Não dava para deixar passar em branco, nem calar. Chamei-o e disse:
- Eu também sou poeta. Adoro seus trabalhos.
Conversamos rapidamente e eu lhe disse que acabara de lançar um livro de poemas “histórias de amor PARA TE SEDUZIR”. Ele me disse que gostaria de possuir um exemplar. Eu falei que ia trazer.
Neruda tinha os cabelos cinza, compridos e desgrenhados. Usava uma calça preta e um casaco tipo cardigã, tricotado a mão, com uma linha bem grossa. Por sinal um lindo casaco. Fez-me lembrar a foto que tinha visto na capa de um de seus livros que eu tinha visto quando tinha 15 anos. A barba estava por fazer e, ele muito simpático, eu tinha vontade de conversar mais, no entanto sem graça se afastou porque uma voz de mulher o apressava para o interior da casa. Minhas amigas, sem entenderem nada e não dando importância ao homem, também me chamavam com urgência.
No chão do quintal de sua casa haviam marcas de muitos pés desenhados e salientados com uma cerâmica salmão clarinha que me inspiraram estes versos:
PÉS
No chão da tua casa
Eu descobri a alma de teus passos
Por onde passavas
E no chão ficavam
As marcas de teus passos
Era um chão à beira-mar
Onde o cheiro de maresia predominava
Eu via Neruda, em teus pés,
A imortalidade da poesia abandonada
No ar ficou um sorriso simpático
A beleza gris dos teus cabelos
E a elegância de um blusão de lã
Que penso tua musa tricotara
Em noites de deleite...
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31.10.22 (3h15m da madrugada)