A Garrafada do Juca Romão
Juca Rumão era um fazendêro lá da rigião de São Gonçal do Baeté e tinha muitias terra e muitas cabeças de boi e uma prantação de mio e de arrôis de sumi de vista.
Isidoro seu vaquêro de cunfiança, caiu na cama com umas ziquizira das braba e o homem não alevantava, nem pa mode tomá sole. Era uma moleza de dá dó.
Seu Juca percupado, já tinha feitio tudo iconto é remédio e incrusive ricibido todas as benzedêras da rigião e nada.
Ele antonce arresorveu ir no Bené raizêro que fazia umas garrafada lá nas banda do Canastrão, dadonde tinha um vilarejo e o home era afamado! Curava inté de sulidão.
Arriô seu cavalo, botô a matula no imbornale, o chapele na cabeça, dispidiu do pessuale e fêis puêra na istrada.
Quaiz chegano no Canastrão ele ôviu o toque da viola e de uma sanfona arretada e o vento trazia aquela sinfunia nos are e acunticia na casa do Froriano um forró que ia durá trêis dia e a puêra alevantava e o Juca era um grande pé de forró - dançadô dos Bão - cumo a gente diz puraqui na rigião.
Óia! Tinha trêis muié pacada home, era uma fartura qui só sê veno.
E vai daqui, vai daculá, o sanfonêro ispicha o folo e vai um xote e vai um chamamé e veno aquela belezura, ele num arrisistiu e intrô nesse aranzele e logo grudô nas custilinha da Jandira que era a mió dançadêra da rigião, travô na dança e rodava no salão que nem um pirú.
E a nôte foi intrano e iscuriceno e o forró pegano fogo e na arta madrugada ele alembrô da garrafada pro Isidoro. E agora? Já era de madrugada, Seu Bené raizêro druminom e seu vaquêro acamado...o home ficô doidio.
Ele num pensô duas vêiz. Pidiu uma cabaça ao Seu Froriano e foi no Corgo do Sabão que passava logo ali no fundo da casa do Seu Froriano e pegô daquela água friinha...qui fica no mei das foiage, incheu a danada, muntô no seu cavalo e num galope só vortô pa casa.
Chegano lá o povaréu pavorado já im riba do Isidoro, a Améia sua muié e os seis fio num chororô só, as rezadêra cum os telço e já incumendano a álima do pobre vaquêro. Um martiro.
E Seu Juca:
- Cheguei pessusale! Tá aqui a sarvação pu Isidoro. A garrafada santa! Demorei mais vai sarvá o home!
E pegô um coitezim dadonde o Isidoro tumava a sua cachaça e deu uma lapada pro Isidoro que numa chamada só, inguliu a água.Inté acho quêle pensô quera cachaça. Moço! O home cumeçô a abri os zóio e foi abrino os braço e abrino um sorriso de aboiadô e num é que o home alevantô, deu um abraço de aligria no Seu Juca e que num perdeu a chanxa e foi logo falano:
- Uai home! Valeu a pena eu andá essa distança e ajeitiá essa garrafada e óia! Pa mode cumemorá, cumo eu já sabia que ocê ia miorá, fiz inté uma promessa a São Gonçal o padruêro do violêro, já mandei fazer um forró pra nóis lá no Canastrão. Vamo cumemorá inhantes que caba. Pode arriá seu cavalo e vamo fazê puêra na istrada. E a promessa queu fiz, ela tem que sê paga é hoje! E é forró só de home! Muié num entra!
Eles chegô no forró, Seu Juca contô a istóra, e o Seu Froriano rolava no chão de tanto ri. Longe do Isidoro craro! E a festança cortô no rei o dintirim! O Isidoro caiu na dança de inchá as canela.
Diz lá nas redondeza, que muitia gente foi lá no Corgo do Sabão e incheu as vazia de água e aquela água fez o maió ribuliço na rigião. Se curô mais argúem eu num sei! Se a Améia brigô cum o Isidoro dispois do forró...aí é ôta istóra!
Coisas do sertão pessuale!