Em nome do Pai...
Reencontrar o Vovozim e ouvi-lo narrar suas histórias é um prazer quase sem fim. Do alto de seus 91 anos bem vividos ele vai desfiando a memória em causos testemunhados, ouvidos, e nunca olvidados.
Sapassado, saindo da padaria-confeitaria do Zezim, sita na praça de São José, café tomado, Vovozim relembrou-me:
- No meu tempo de rapaz, a Sexta-Feira da Paixão, ao anoitecer, coalhava a cidade de gente, não só os residentes que compareciam em massa à busca de perdão e graça, bem como os das redondezas, dos povoados mais distantes...concentrando-se principalmente à volta da igreja matriz de Nossa Senhora do Pilar para a solene procissão do enterro.
O comércio, conquanto respeitoso do evento mais compungente da cristandade, com portas semi-cerradas, não só acendia como também atendia a fome dos fiéis que tinham que aguentar horas de veneração.
Um roceiro que havia cavalgado léguas, adentrou, o bar do João Bila, sempre acolhedor e dos mais populares do entorno da matriz, e indagou o balconista:
- Cumé que tá o pão breiado na mantega...moço?
- Tá a quinhentos réi, sô...
- Uai, intão aumentô hoje...ans eu pagava duzencinquenta...
- É sô, mais o de hoje, purcaus da festa é bento...
- Ah bão, eu até fazia memo ideia, intão.., racha e breia...!