QUEM AMA, ENSINA! A LIÇÃO DE UM RICO FAZENDEIRO.

Aproximadamente três décadas atrás, o filho de um rico fazendeiro da minha cidade natal no interior do Rio Grande do Norte saiu para uma festa no automóvel do pai e acabou batendo o veículo, um possante Santana que era um dos carros mais cobiçados naquela época. Não teve muita discussão, tampouco agressão ou violência.

No dia seguinte, o genitor levou o carro na oficina para fazer o orçamento do prejuízo. Após se certificar do quanto iria ter que gastar para consertar o automóvel, ele encaminhou o filho para que o gerente da sua fazenda o colocasse para trabalhar ganhando exatamente o mesmo salário dos demais trabalhadores para executar os mesmos serviços e carga horária.

O jovem teve que trabalhar na condição de empregado durante algumas semanas até que conseguisse todo o valor do reparo do veículo. Todos os vaqueiros e lavradores ficaram admirados com a atitude do fazendeiro, mas não houve nenhuma crítica, apenas elogios ao pai e ao filho. Meu pai também era um dos vaqueiros e por essa razão tive acesso a toda a história.

O herdeiro, acostumado apenas a estudar e jogar futebol, se sentia desajeitado nas atividades camponesas, entretanto, em nenhum momento se viu reclamando da punição imposta pelo seu genitor. “Meu pai está certo e não quero regalias”, confidenciava aos peões, seus novos companheiros.

Há tempos já não se fabricam Santanas, assim como há muito tempo já não se produzem pais como aquele fazendeiro! Hoje temos uma geração de pais que adoram dizer que não querem que seus filhos passem pelas mesmas dificuldades que eles passaram, sem perceberem que foram aquelas dificuldades que os fizeram pessoas tão responsáveis.

Ivan Lopes,

Professor, jornalista, especialista em educação e escritor.