A Mulher de Branco II

Das histórias contadas no passeio (calçada) principalmente nas noites de lua e quando as luzes da cidade se apagavam, eram as do Bêco do Açougue onde ficavam a entrada ou saída discreta do Cassino.

Segundo os mais antigos, ali era um dos locais mais malassombrados da cidade, embora fosse bastante movimento principyalmente nos finais de semana, como a feira era dia de sábado o Cassino e os butecos que ficavam no Bêco funcionavam a todo vapor, alguns deles só fechavam no domingo pela manhã.

Na quarta feira o mercado da carne ou o açougue tinha um bom movimento por causa da feirinha, nos outros dias da semana ficava tudo fechado que era pra ser feita a limpeza.

A mulher de branco era um dos personagens que mais se destacava nas rodas de história, pois ela interagia com outros personagens.

Ninguém sabia ao certo quem era ela, alguns diziam que era uma quenga que morreu numa briga que teve no Cassino por causa de jogo de baralho, outros que como ela aparecia toda de branco, com uma grinalda longa era uma noiva que foi atrás do seu amado e morreu abraçada a ele tentando separar uma briga em que ele se meteu depois de perder tudo que tinha no jogo.

Os parceiros ficaram zombando dele e terminaram os dois morrendo abraçados.

Desse dia em diante o Bêco do Açougue ficou malassombrado, embora existam outras versões da história da mulher de branco está talvez seja a mais comentada entre a molecada que se reunia na calçada de Seu Boinha pra contar histórias nas noites de lua.

No final alguns sempre tentavam deixar os colegas em mais lençóis.

"Entrou pela perna do pinto

Saiu pela perna do pato,

Quem não contar outra história

Come a bosta do pato"

Fernando Alencar

03/06/2010

Fernando Alencar
Enviado por Fernando Alencar em 12/09/2022
Reeditado em 12/09/2022
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