AO DEIXAR A VIDA...
Um ser humano com noventa e oito anos caminhava apoiado pela sua bengala, com o corpo arqueado para frente, passos vagarosos demostrado sua fragilidade da muita idade vivida... ele queria atravessar um pequeno bosque e encontrou outro ser, também humano que lhe prestou ajuda na sua caminhada, dando seu ombro para o homem apoiar-se e ambos seguiram atravessando o bosque quando o homem que lhe dera o ombro e vendo que o senhor que estava próximo a despedir do mundo... fez a seguinte pergunta:
O senhor tem alguma vantagem ao deixar a vida? Sim! Respondeu com uma voz embargada... vou livrar-me de saber que existem mais de um milhão de mortos em acidentes por ano no mundo, dos fabricantes de armamentos bélicos que matam seus semelhantes e a si próprio, assaltantes, corruptos e doenças sem curas, tudo isso deixarei de ver depois de morrer... e no meu viver de noventa e oito anos, assisti uma grande soma de atitudes ruins – a vida tem seu limite e eu tive a sorte de viver até os noventa e oito anos e muitos deixam a vida bem antes, pelos motivos que eu mencionei.
Ambos voltaram a caminhar até atravessar o bosque quando o peso do ancião se tornou mais pesado, pois o que lhe dera o ombro, já estava carregando uma pessoa que estava deixando a vida, naquele dia.
Neri Satter – Julho/2022