A BRINCADEIRA TERMINOU EM TRAGÉDIA

 

Meus avós paternos tiveram três filhos, Odilon, meu pai era o mais velho, depois vieram tia Nahir (assim, com h) e tio Wilson o mais novo. Quando ainda eram pequenos, brincavam os três no grande quintal dos fundos da casa em Curitibanos – SC quando encontraram um velho guarda-chuva, quebrado e jogado a um canto. Pegaram-no e retiraram as varetas de metal. Viram naquelas varetas a possibilidade de brincarem de espadas e foi o que fizeram. Vovô estava no trabalho e vovó, na cozinha, preparava o almoço quando ouviu gritos lancinantes e muito choro. Correu ao quintal e se deparou com uma cena horrível. Nahir, sua filhinha tinha um grande ferimento em um dos olhos. O irmão mais novo havia acertado seu olho com aquela vareta de metal.

 

Vovó chamou o marido e juntos a levaram ao hospital. Curitibanos tinha somente um médico, um clínico geral que atendia o pequeno hospital e a população da cidade. Não havia um oftalmologista e o doutor fez o que pode. Limpou o ferimento sob anestesia e prescreveu medicamentos, mas disse que o olho parecia estar perdido. Recomendou que procurassem um especialista em olhos. Os pais a levaram para uma cidade maior, consultaram mais de um médico , mas não havia solução.

 

Pobrezinha de tia Nahir, nunca se casou. Passou o resto da infância e da vida com aquele olho morto, inútil, feio. Certamente sofria, tinha limitações e usou óculos desde pequena.

 

Em moradias onde há crianças pequenas, não se pode deixar objetos perigosos largados pela casa ou pelo quintal. As varetas de metal foram usadas como arma, embora as crianças não tivessem noção do perigo.

 

Os pais se culparam porém, não havia mais como remediar. Foi uma fatalidade, aprenderam de forma cruel e irreversível. 

 

 

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 30/07/2022
Reeditado em 30/07/2022
Código do texto: T7571376
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