SANTO ANTÔNIO, O SANTINHO E O TERÇO

Com esse título fico imaginando o que se passa na cabeça de vocês: que eu estava em um retiro religioso, numa igreja? Nãaaao, mas vou explicar, caaaalma, senta aí que a coisa é longa.

Em janeiro de 2020 uma amiga muito doida – menos ou mais que eu – a prima dela e moi, fomos para a esbóooooornia.

Capaz!

Eu queria mesmo era nadar no mar calmo de Jurerê, descansar e só. Mas fui OBRIGADA a comprar convites para 3 festas, mas põe festa nisso (e caaaaros). Jurerê é o lugar disso né meu povo?! Mas percebe, Ivair...

Primeira festinha: Posh, boate badalada, DJ internacional, povo descendo dos tecidos do teto – foi demaaais aquilo. E eu né, só na biritis.

Naquela muvuca de homarada, um mais bonito que o outro, um rapaz me puxou e me beijou, tão automático que pensei que era uma encenação de novela, beijo técnico.

Tá, passou, ele foi, passou e me beijou novamente. Depois disso fingi que não o vi mais, mudei de lugar na balada. Desculpa moço, nem lembro seu nome, mas sei que era de São Paulo.

Enfim, estava eu nesse outro canto da balada badalada e vi um grupinho de mancebos.

Todos padrão, camisa polo preta, calça jeans, energético com biritinha na mão. Parecia até uniforme.

Boys padrão!

Mas chegou um nessa rodinha, todo garoto sorriso colgate (olha, já disse a vocês que apesar da minha bela cútis, sou velha, sou quase do tempo do êpa, sou milenial – sei lá o que é isso).

O moço, sua louca, fala do moço, foco!

Então, ele chegou com um sorriso maior que a cara, camisa xadrez, mas não era agroboy, era meio despadronizado, gostei!

De rabo de zóio, observei que o rapaz ficava só tomando água, no máximo energético, sem nada de álcool, pensei: será que é crente?

Mas vi que ele estava com o escapulário no pescoço, era muito incongruente aquilo.

Bem, ele me viu e sorriu, o achei bem engraçado. Então o rapaz foi me cortejar.

Ooohhh jovem mancebo, o que fazes por aqui? Sem um álcool no cérebro, quase impossível aguentar.

Ele me disse que era piloto de caça da força aérea, não bebia, principalmente porque estava dirigindo. Fiquei paaaasma.

Não parou por aí as qualidades, ilusórias, do mancebão. Porque era alto, bem alto, para minha alegria. Já disse, em histórias anteriores, que sou uma girafa de sete cabeças, prestem mais atenção!

Enfim, aquilo tudo de homem perguntou se era uma medalha de Nossa Senhora das Graças que eu usava no pescoço, confirmei. Ele achou lindo eu usar, mesmo para ir numa balada.

Daí o rapaz se animou e começou a mostrar o Instagram com fotos do grupo de jovens que participava em Brasília. Eu nem estava acreditando, encontrei um santo na balada!!!

Vai vendo.

Nisso, era quase 6 horas da manhã e ele me perguntou se queria rezar o terço da misericórdia, na praia, que era ali pertinho.

Concordei, mas disse que precisava ir ao banheiro antes.

Lá no banheiro, pesquisei o nome do rapaz, era tudo verdadeeee! Piloto, rezava mesmo. Instagram aberto.

Enfim, fomos.

No meio do caminho começamos o terço, eu até me atrapalhei porque estava um pouco bêbada né.

Quando chegamos na praia, terminamos de rezar e a bebida foi passando o efeito.

Caiu a ficha: meu Deus, esse rapaz vai me matar aqui na praia, (Noivas de Copacabana).

Tá, terminamos o terço e o rapaz me beijou. Senhor da glória santa, que beijo maravilhoso. Mas... Eu ainda estava com medo. Ficamos um pouco na praia e pedi para ele me levar ao apartamento que estava com as meninas, ali em Jurerê.

Nisso, minhas amigas tinham me ligado 200 mil vezes, estavam desesperadas, porque avisei que ia rezar com o moço, mas como estava demorando, elas pensaram que já tivesse morrido, como eu também temia.

No caminho ele me deixou mais calma e me chamou para tomar café da manhã numa padaria próxima do prédio, sugeri que tomássemos no apartamento porque estava toda suja, maquiagem rebocada , aquele tipo fim de festa mesmo.

Enfim, fiz café para o moço, brinquei de casinha.

Ele elogiou minha omelete, meu café estilo petróleo.

Nos beijamos mais, muuuito mais.

E ele disse que precisava dormir, iria ao apartamento dele.

Desci com o moço até o carro, que estava estacionado em frente ao prédio.

No carro, o rapaz abriu uma bolsinha e tomou um remédio, me disse que era antidepressivo e foi embora.

Liguei os pauzinhos.

Umas horas depois ele me mandou umas mensagens pornográficas, parecia outra pessoa. Aquele santo havia se transformado em um capetinha bem do puto. O remédio mudava a personalidade? "Percebe Ivair, a petulância do cavalo?!"

Bem isso...

Quase meio dia, as meninas e eu fomos à praia e dei uma apagada na areia, porque não dormi aquela madrugada né.

Mas mal tive tempo para descansar, fomos para outra boate famosinha ali, em uma festa à tarde. Bem coisa de quem não tem o que fazer, playboyzada.

Sabia que o santo capeta estaria lá, porque ele me disse. Iríamos nos encontrar nas mesmas festinhas...

Mas enfim, ao chegar na porta da boate, quem eu vejo? Ele né! Num camarote rodeado de moças feias, bem feias. Falei: não sabia que você gostava desse tipo. Ele não me respondeu e segui.

Ficamos em outro camarote, a convite de uns moleques e tomamos champanhe à vontade, Veuve Clicquot, inclusive. Chora sociedade! Acho que tomei umas 4 tacinhas free...

Saímos dali porque aquela molecada não queria pagar champanhe francês de graça né, entenderam o padrão pilantragem?!

Ficamos na festa e o doido santo encapetado foi atrás, falou algo com minha amiga, fingi que não o vi e nem lembro o que eles falaram. Pouco me lixando.

Mas foi quando vi o primeiro que beijei lá na primeira boate, Posh. O beijo técnico. Não é que ele me beijou novamente?! Mesma técnica, mas providencial, porque foi na frente do santo maluco.

Aaaah pai, não parou por aí a história, vem a parte dois.

Mas essa eu vou te deixar curioses, pois será a segunda parte dessa viagem louca.

Opa, me perdi! Já estava esquecendo!

E o Santo Antônio, Dona Madame F?

Foi assim... Quando chegamos ao apartamento, ele estava mobiliado, decorado ao gosto dos proprietários.

Na estante da sala havia um copinho de cachaça, souvenir de algum lugar que não lembro, e um pequeno Santo Antônio ao lado. Quando vi, brinquei de colocá-lo ali dentro do copinho com água, de cabeça pra baixo, e só tiraria depois que arrumasse um namorado. Falei assim para o Santo, bem louca.

Gente, só eu para fazer uma burrada dessas, namoro em Jurerê? Só tem esses boy padrão ou malucos.

Ahhh, mas não contei um detalhe importante. O rapaz, ao fazer uma breve pesquisa no Google depois, estava sendo processado com mamãe (deputada) e papai (ex prefeito e preso), por fraudes em licitações. Não era pouca coisa e o risco dele sofrer sanções na aeronáutica e criminais era grande. Por isso estava usando uns remedinhos que, talvez, tenham afetado mais ainda o juízo dele.

Mas enfim, o santo afogado no copo de pinga quis se vingar e me casou.

Sim, eu casei em Jurerê – cenas do próximo capítulo.

Madame F
Enviado por Madame F em 09/07/2022
Reeditado em 25/09/2023
Código do texto: T7555983
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