Acidentes

Acidentalmente se encontraram.

- Meu deus! Não foi minha culpa!

Quase ocorre uma tragédia. O rapaz apavorado corre para ajudar a motorista do carro jogada barranco abaixo. Não tivera culpa no acidente, claro, mas ela fez uma manobra brusca e ele não conseguiu frear. Bateu no carro dela jogando a cinco metros de altura. Salvou-a. Dias depois ela estava bem, e voltou para casa.

Acidentalmente se reencontraram.

- De novo?

Os carrinhos de compras se chocaram. Estavam num supermercado perto da casa dele, ela sem saber estava há poucos dias morando ali, na outra quadra. Conversaram por um tempo.

- Vamos sair antes que o mercado feche as portas.

Acidentalmente o primeiro beijo.

- O que foi isso?

Ele tropeçou numa pedra, seus lábios levemente se tocaram. Ficaram abraçados na grama.

- Se não sair de cima de mim, não respondo em sã consciência.

Ele a beijou de novo. Meses mais tarde noivaram. E assim foi compraram mobílias novas, compraram um apartamento maior, convites, festa. Logo estavam casados.

- Mas o que é isso?

Filhos crescidos. Já velhinhos. Foram no mesmo mercado como sempre, um hábito desde os tempos de solteiros. Ela estava revoltada. Já vira aquela cena antes. Passou mentalmente, como um filme, todos os momentos e acidentes. Ele batera o carrinho de compras numa senhora, mais ou menos da idade deles. Pediu o divórcio.

Acidentalmente se separaram.

25/02/02

J B Ziegler
Enviado por J B Ziegler em 27/11/2007
Reeditado em 28/11/2007
Código do texto: T755272
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