O segredo do sorriso da sogra

Durante todo o evento, inclusive nos festejos, Sueli esboçou o sorriso de Mona Lisa - sem mostrar os dentes -, que no sul do Brasil se refere a uma pessoa de poucos amigos. E isso incomodou Raquel, promotora de Justiça e irmã do noivo, que compareceu ao enlace e não conhecia os familiares da noiva por residir na capital. Acostumada com as imprevisibilidades do ser humano, no dia seguinte resolveu investigar, discretamente, a família; principalmente a sogra do irmão. Aquele ‘quase’ sorriso escondia alguma coisa.

Conversa vai, conversa vem, alguns fatos a deixaram intrigada. a) - a cunhada não sabia fritar um ovo; b) - tomava café o dia todo e fumava, inclusive dentro de casa; c) - só ouvia música de Pink Floyd, Alice Cooper e outros do gênero que o ‘depoente’ não soube pronunciar; d) - já fizera uns cinco abortos (informação prestada por uma vizinha fofoqueira, portanto, desconsiderada); f) - nunca arrumava sua cama; g) - havia passado em quatro vestibulares (em diferentes áreas) e não se matriculara em nenhum; h) - escrevia poesias, crônicas e contos muito bons (opa! Enfim boa notícia); i) - não tinha carteira de habilitação para dirigir (mas nunca se envolveu em acidentes; j) - não pronunciava palavrões (outra vez opa!;) l) - era amiga de todos os mendigos da cidade e os chamava pelos nomes (hummm...).

A investigação estava caminhando para a conclusão que ela imaginara: Sueli deve ter dado graças a Deus por se livrar da filha e... sorria disfarçadamente, embora a mãe do noivo não cansava de dizer que ela (a nora) foi uma benção na vida do filho.

Porém, quase que por acaso, surgiu mais uma depoente. Dona Julia, comadre da sogra, que revelou com a simplicidade das senhoras com mais de 70 anos, fatos que derrubaram a teoria da promotora.

- Que pena a comadre Sueli ter quebrado uma das dentaduras bem na semana do casamento da sua única filha.