Dar bode...pode...?
O Wellington virou Cabrito, e não gambá de alambique, já desde garotinho pre-ginasiano, e assim todo mundo o conhece. E não sem razão é essa a sua assinatura no informativo O Independente , já balzaquiano, que o Edílson Lopes dirige na pacata e aprazível Pitangui, quinzenário que se publica pelo menos umas seis vezes ao ano... Com redação escorreita e concisa o Departamento do Cabrito, com toda seriedade, vive das graças... E ao ler seus curtos causos, a gente até costuma rir sozinho.
Associei-me ao Independente informalmente, e com menor regularidade do que o Wellington, sem pretender jocosidade, e sem menção ao meu apelido de garoto, enquanto co-ginasiano do Cabrito. Afinal foi ele que fez fama com esse seu apodo, como vocalista do Conjunto do Norberto por décadas a fio e pavio, e crooner informal de qualquer bar da cidade e das redondezas, especializando-se em cantar num inglês que ele mesmo qualifica como primitivo, e aplausos calorosos nunca lhe faltam.
Agora temos algo mais em comum: fuscas antigos, bem conservados. O dele é um modelo 1978, em suas mãos há 15 anos, e o meu um 1974, há uns seis meses.
Numa ensolarada manhã dessas, quando acabei de abastecer no Posto Santanense, bem defronte a sua casa, deparo-me com o Wellington acomodado no passeio, quentando sol. Parei para saudá-lo, e recebo cordial acolhida, como é seu hábito
no trato com amigos, conhecidos e até mesmo curiosos...
Convimos no entendimento de que o apreço pelo fusca é imorredouro, e ele me conta de situações inusitadas que viveu na fiel companhia de seu carrinho. E ainda arremata:
- A manutenção desse carro é simples, e bem em conta. E raramente ele dá algum defeito, a não ser - vai elencando os exemplos - quando rompe um cabo de acelerador, ou da embreagem, uma ruptura do duto do óleo de freio, uma impureza no carburador, uma lâmpada queimada, o motor de arranque pifado, uma bobina exaurida, umas velas sujas, um escapamento de óleo do motor, uma bateria arriada, uma maçaneta que se solta na sua mão, uma alavanquinha de pisca que se parte, um afogador emperrado, um freio de mão estourado...