O RIBEIRINHO CURIOSO
No início de uma tarde quente de verão, um morador ribeirinho, da alta e íngreme ribanceira do rio Guaribas avistou de longe quando dois casais lá distante chegaram de carro, e descendo a pé as barrancas da mesma margem foram à areia branca do leito do rio em um local um pouco mais deserto, deixando o automóvel no alto das barrancas de uma curva do rio. Os casais ficaram relativamente distantes um do outro, a cerca de cinquenta metros.
O curioso, astuto, arquitetou um plano, e para se aproximar e observar bem de perto, desceu da ribanceira e para lá se dirigiu disfarçadamente, e seguiu sempre acompanhando e margeando a correnteza do rio... E depois de caminhar sozinho cerca de trezentos metros, ao chegar lá perto do casal mais próximo, perguntou:
“Vocês viram um garotinho pescando, com um anzol por aqui? Ele saiu de casa cedo... Saiu para pescar de anzol... E ainda não voltou...”.
O homem, que se encontrava em leves e superficiais discussão e desentendimento com a sua companheira (mas sem nenhuma agressão física), imediata e raivosamente respondeu-lhe:
“Vi, não! Eu não vi ninguém, e pronto! Entendeu?! E caia fora!".
Talvez ele tenha percebido que era apenas mentira e disfarce daquele curioso senhor ainda relativamente jovem.
Diante daquela resposta com tamanhas grosseria e rispidez, que obteve e ali ouviu, aquele ribeirinho, assustado e com muito medo, dali afastou-se de repente e voltou caminhando apressado e sem dizer mais nada. E nem olhou para trás!