NUMA ROÇA À BEIRA DA ESTRADA
Certa vez, numa imensa roça de arroz aqui do sertão nordestino, situada à beira de uma estrada do lugar, alguns trabalhadores diaristas contratados, trabalhavam sob o olhar de um feitor, tipo capataz do patrão, que ali em meio aos trabalhadores, para distraí-los ou entretê-los na árdua tarefa da limpa na plantação de arroz, quando os via chegar à beira da cerca de arame farpado, depois de capinarem mais uma “rua’’(espaço entre aquelas filas das plantações) daquele grande e verdejante arrozal, metaforicamente sempre dizia:
”Vamos morder o arame, pessoal!”... “Vamos morder o arame!”
Isso somente para poder enganar e tentar animar ou estimular os trabalhadores a voltarem capinando em direção à outra cerca, em mais uma “rua” daquela plantação. E assim sucessivamente...
O capataz, subserviente e cheio de artimanha, repetia essa frase inúmeras vezes, sempre que os pobres trabalhadores com fome, já cansados e suados, chegavam à borda da roça, mais uma vez. E ainda por cima, o calor extremamente escaldante do sol do meio-dia... E, inclusive, já havia passado da hora do almoço daqueles trabalhadores rurais.
De repente, um dos trabalhadores se irritou; e, pondo a sua enxada no ombro, enraivecido e olhando para o capataz, bradou alto:
“Vá morder seu arame lá no inferno!” E, esbravejando, foi-se embora.
Já era quase meio-dia e meia.