O lábaro de Albert Isaacson
Fora um convite inesperado, porém irrecusável. A amizade, o apreço mútuo e a ocasião, quase única de estar ali em Pitangui, compeliam ao atendimento. E eram só cinco léguas de estrada, ainda de terra batida, apenas com projeto de asfaltamento que certamente minoraria o eventual desconforto com alguma poeira, e alguns solavancos além do esperado...
Era sim hora de visitar o pacato povoado de Albert Isaacson, pertencente ao município vizinho de Martinho Campos, contudo mais ligado a Pitangui, por razões práticas e sentimentais. Albert Isaacson era homenagem merecida a algum engenheiro inglês que tivera atuação relevante na implantação da estrada de ferro, EFOM, nos anos 20 ou 30, que aproximava as cidades, povos e economias do Oeste de Minas Gerais. E que durou até os anos sessenta, quando, tachada de deficitária, onerosa e pouco operosa, deu lugar às rodovias sempre associadas ao dinamismo, ou dinamitismo, de um fulgurante JK. Com o lobby da indústria automotiva a o aplaudir e empurrar...
E finalmente, na mão de destro chauffeur, sempre disponível para esses transportamentos, o automóvel saiu de Pitangui ao finzinho da tarde, depois da janta que era de costume e de bom alvitre. Dadá, suas irmãs e amigas com pouco menos de uma hora já estavam apeando sob a iluminação bruxuleante em Albert Isaacson, já ao portão das animadas e acolhedoras amigas Valadares, que frequentavam Pitangui, para estudos, aprovisionamentos e lazer...além dalgum flerte consequente...
Apenas recebidas as visitantes, veio a pergunta infalível?
- O quê vocês estão achando de Albert Isaacson...?
Dadá, liderando o grupo, não hesitou entre a diplomacia e a sinceridade:
- Como é lindo o céu de vocês!