PASSEIOS DE BICICLETA
Aprendi a andar de bicicleta por volta dos cinquenta anos. Não tive a oportunidade antes. Comprei uma Caloi Ceci rosa, daquelas que têm uma cestinha presa ao guidom. A bicicleta seria um presente de aniversário para minha sobrinha e afilhada Ana porém, antes de entregar-lhe o mimo, treinei arduamente o equilíbrio na garagem do prédio onde morava. Lá havia um bom espaço para manobra dos carros e isso me favoreceu. Não foi difícil a empreitada. Sou obstinada. Logo estava pedalando, acelerando, usando os freios e, qual não foi minha alegria, ao me sentir preparada para explorar a ciclovia. Mais que tudo, sentia-me confiante.
Passamos, Celso, meu companheiro e eu, a aproveitar os sábados e domingos para longos passeios de bike, pela ciclovia próxima à nossa residência. Fazíamos alguns quilômetros até o fim da via, pelo lado oeste, chegando ao Parque da Barreirinha, onde bebíamos água e descansávamos antes de empreender o retorno. Também pedalávamos para leste até o Jardim Botânico.
Aos domingos, quando voltávamos da Barreirinha, ainda parávamos em uma padaria no Bairro da Boa Vista para comprar um assado para o almoço. O churrasco ou o frango vinha devidamente embalado e acomodado na cestinha, preso com um elástico. Essa ciclovia acompanha a linha férrea. Certa vez caí e esfolei os cotovelos ao tentar atravessar os trilhos em diagonal. Felizmente, foi o único incidente em alguns anos de ciclista.
Ao mudarmos de bairro, não tivemos mais uma ciclovia por perto. Celso já era idoso e eu, nem tanto, mas achamos por bem não competir com os carros nas avenidas movimentadas e nem dar chance para o azar. Vendemos as bicicletas, sentindo saudade dos momentos felizes que nos proporcionaram, porém certos de que era hora de parar.
Foram muito bem aproveitados aqueles momentos de exercícios físicos e diversão a dois.