GAITEIRO ADORMECIDO

Conheci o pai do naturista Etacir...um jovem que vive há mais tempo... com 87 anos ostentando uma vitalidade que a genética, aliada a sorte esta presente. A sua longevidade esta fazendo parte dos contos do Scaramouche.

O Ricardo Arnoldo Manske “um gaiteiro adormecido”... Começou tocando violão, mas foi na gaita que destacou o seu talento, agradando onde havia pessoas dispostas a dançar as rancheiras, xotes e outros ritmos que ele tocava, fazendo a gaita ritmar num compasso, agitando os dançarinos. Não olhava para partituras...aprendeu solito descobrindo de ouvido e na sua aptidão musical os acordes combinando com os baixos, levando uma vida de gaiteiro durante 25 anos.

Mas como na vida tudo tem o seu tempo... O Ricardo resolveu desistir dos seus shows noturno clareado pelos lampiões a querosene...Onde o pandeiro e também o violão faziam parte da alegria enquanto os dançantes faziam o seu show procurando exibir suas danças aprendidas na escola da vida que eram os bailes...La de fora.

Mas o Ricardo tinha um motivo da sua desistência quando se desfez da sua gaita... Por ter se casado... Queria dedicar-se à família dando atenção a mulher e aos filhos e deixar como uma página virada, o andar algumas léguas com seu cavalo e a gaita na garupa... mas conseguiu com orgulho ter êxito no seu casamento durante 58 anos criando sete filhos e mais uma neta e na consequência teve dez netos e dois bisnetos. Ficou muinto triste quando a sua esposa e companheira faleceu...Mas sua vida continuou e terá muitos anos para lembrar-se das suas conquistas e da sua história e vida.

Voltando a narrativa antiga do Ricardo que nasceu em 20 de Outubro de 1929 na cidade de Sobradinho/RS onde iniciou sua profissão de agricultor... Acompanhou a sua família e amigos quando tinha uns 14 anos fazendo parte dos desbravadores, indo da sua cidade de Sobradinho/RS em duas carroças puxadas por cavalos e burros.

Foram 18 dias de aventuras por estradas de péssima qualidade, matos e trajetos difíceis, até chegarem á cidade de Águas de Chapecó/SC ...onde acamparam e fizeram suas vidas e o Ricardo até hoje em 2017 ainda vive por lá, com uma história linda por ter vencido a jornada desbravadora e ainda ter levado na mesma caravana sua futura esposa que viveu ao seu lado até o seu falecimento.

Eu perguntei ao Ricardo o que o levou a ter uma vida longa e sem problemas de saúde....Ele disse viver bem com a família, ter calma evitar fofocas e uma das coisas que não acertei, for ter fumado durante a vida, mas desaconselha esse vício aos jovens. A vida atual é cheia de artimanhas e os jovens devem saber distinguir as coisas ruis como tóxicos e bebidas alcoólicas das coisas corretas... Os jovens atualmente devem seguir os conselhos dos seus mestres, professores e pais, e desaconselha a dar ouvidos a “amigos” que às vezes os levam para o caminho errado.

Como eu encontrei o Ricardo numa área naturista em visita ao seu filho, onde ele deu um parecer favorável... Falou com pessoas, desnudas e apesar de não ser ele adepto ao nudismo, comentou tratar-se de uma cultura voltada para o lado da saúde, vivida num ambiente próprio e muito bonito. Ricardo faleceu em 2020.

Neri Satter – Janeiro/2017