A CASA DA LUZ VERMELHA
A lua cheia deixava transparecer a sua beleza quando o delegado Fabrício "rebocava" um beberrão perturbador para o xadrez naquela cidadezinha pacata do interior, na madrugada fria alguns poucos notívagos regressavam para suas casas depois de uma noite de farras. O delegado Fabrício até cochilava um pouco no seu plantão, no geral a vida ali era de calmaria, salvo nos finais de semana quando os apreciadores da noite resolviam curtí-la nos bares da cidade, em alguns deles as prostitutas faziam a festa, como na famosa "Casa da Luz Vermelha", praticamente o único divertimento daqueles maridos que gostavam de "pular a cerca" e até diziam para suas mulheres que estavam trabalhando. Quando não "usavam" as "mulheres da vida fácil" levavam alguma amante ou "piriguete" que gostasse de uma farrinha regada a umas cervejinhas ou um bom whisky. O delegado Fabrício só era chamado quando alguma algazarra fora do controle era feita, aí interrompia seu sono e tinha que abrir a porta da delegacia para atender alguém que implorava para acabar uma briga ou desentendimento, o que era comum, principalmente na famosa casa noturna das luzes vermelhas.
Os divertimentos na "Casa da Luz Vermelha" começavam geralmente na sexta-feira e se prolongavam até o domingo a noite e varava a madrugada da segunda-feira. Por ser uma cidade pequena as confusões eram poucas e normalmente o nosso delegado, que costumava trabalhar no período noturno, dormia tranquilamente no seu plantão sem ser incomodado, já que de dia tinha seus afazeres extra. Mas quando o sono não vinha Fabrício fazia uma "rondazinha" pelos cabarés das redondezas, particularmente a "Casa da Luz Vermelha", onde gozava de um prestígio inigualável, pois era muito respeitado e tinha como certa uma boa dose do melhor whisky ou mais, se assim o quisesse, além de escolher a mulher que quisesse "usar", porém tudo isso era feito na surdina para não complicar a sua vida profissional. Nessas horas quem o procurasse na delegacia o encarregado substituía o delegado e resolvia a bronca.