GAVIÃO MATREIRO
Certa vez, um jovem agricultor e filho também de um agricultor sertanejo, ia para o roçado, e ao passar próximo da orla de uma pequena mata, um gavião pegou-lhe de assalto o seu chapéu de palha e pousou no galho mais alto de um enorme e imponente pé de muquém situado na ribanceira do riacho, aumentando ainda mais a grande altura. Na base de três galhos que formavam uma espécie de forquilha, a ave de rapina colocou o chapéu virado e bem apoiado, servindo-lhe de ninho. Toda vez que o jovem ia para a roça, olhava o “ninho” do gavião, e nada podia fazer para recuperar o seu chapéu, tamanhos eram o emaranhado de galhos e a altura daquela gigantesca árvore das margens dos rios e riachos do Sertão. E ao olhar para o “ninho”, sempre via a ponta do bico do gavião à mostra, de um lado, e a extremidade das penas do rabo, do outro lado. E nem mesmo com a sua baladeira/estilingue, o menino jamais conseguira atingir o “ninho” daquele gavião esperto, que ali chocava e repousava tranquilamente.