A fada que não sabia rezar

Uma mulher muito seca e amarga por dentro, vivia a rezar sem parar. A mulher que rezava dia e noite, noite e dia, era pior que o diabo em pessoa. Uma fada, que não era fada. Uma fada que não sabia rezar. Não sabia fazer as preces com o coração, com a alma.

A fada que não sabia rezar, era muito má. Tinha um coração duro, mesquinho e invejoso. Ela não gosta de visitas em sua casa. Brigava, xingava e muito encrenqueira. Não gosta de seus vizinhos. Vivia sozinha, não tinha amigos. Ela tinha mania de perseguição. Vivia a rezar para tirar a inveja e mau olhado das pessoas. Mal sabia que a inveja e o mau olhado estavam nela. Estava no interior do seu ser e de sua alma.

A maldade da fada que não sabia rezar era tanta que tudo que ela colocava a mão estragava. Ela era faladeira, mal humorada. Amanhecia xingando, blasfemando para quem quisesse ouvir.

Os vizinhos ao lado não suportava aquela fada. Não suportava aquela fada blasfemando o dia todo. A vizinha do lado, um dia comentou com a outra vizinha: - Que tristeza dessa fada. Nunca a vejo alegre e sorridente. Sempre triste e resmungando. Ela é muito infeliz. Coitada!

A outra vizinha não deixou de falar:

- O que adianta rezar tanto, o dia todo, dez Ave-Marias, dez Pais-nossos e muitos Terços e viver tão desprovida de amor e de felicidade. Uma mulher sem motivos para sorrir. Sem ser agradável. Não gosta de sorrisos, tão pouco de pessoas felizes. Credo!

Parece que a mulher que passava rezando o dia todo é verdadeiramente mais um diabo que veste prada do que uma fada. Por que de tanta infelicidade? Por que tanto ódio guardado no seu coração? Tanto rancor?

A infelicidade daquela mulher parecia uma doença em grande estágio. As pessoas da vizinhança e seus familiares não a visitavam devido ao ódio, tristeza, rancor que ela carregava no seu ser. As pessoas tinham um certo receio dela. De serem contagiadas por tantos sentimentos ruins e destruidores. Por isso, elas acharam melhor se afastarem dela. E a fada que não sabia rezar, nunca mais sorriu, nunca mais amou, nunca foi feliz. Murchou com o tempo, morreu a cada dia de sua vida. Ela foi ficando isolada do amor, da felicidade e virou-se uma pedra bruta, e petrificou-se para sempre. Nunca mais a fada rezou, nunca mais.

josuelene
Enviado por josuelene em 16/03/2022
Código do texto: T7474287
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