ESQUECENDO
- Oi
- Oi
- Que legal te ver por aqui!
Buscando nos arquivos da memória quem era aquele
- Lembra de mim?
- Hum. ( Cérebro tentando achar conexão entre pessoa e fato)
- Da faculdade!? Poxa, a gente se via na saída, portão C, ala leste. Eu era da turma de Engenharia.
- Faculdade? Ah! Sim... (Que droga, quem é este)
- Então, pois é.
- Pois é, rrsss
Você não está conseguindo lembrar de mim? Não faz tanto tempo assim... lembra do Vectra vermelho?
- Da faculdade sim, do Vectra não. A gente se conhece da faculdade? Tem certeza?
- Claro, Melissa! Como eu poderia esquecer. (Riso frouxo e empolgado)
- Rssss. Na faculdade tinha uma turma bem legal. ( Caramba, ele sabe meu nome e sobre a faculdade! Quem é esse homem? Cérebro não engata mesmo, memória retrógrada falha)
- Ah! Pois então, uma vez te dei carona, Estrada que vai para Campo Limpo, você estava aborrecida, e foi falando no caminho. Sua turma, um trabalho, vocês tinham ido mal, na apresentação.
Silêncio
- Bem, vamos ver se você se lembra. Vou te ajudar. A noite, na estrada, você falando durante o caminho da apresentação sobre Nietzsche , estava chateada com a apresentação. Lembra? Depois parei o carro, te ouvi e te dei atenção, e depois um beijo...
Surpresa! Olhos vidrados no sujeito. Ambos envergonhados, ele por assumir a condição de fixação ; ela por ser pega de supetão, na mesma.
- Nietzche sempre foi uma pedra no meu sapato, nunca entendi de fato o que aquele homem quis passar ,mas vai lá, a estrada para Campo Limpo eu sei qual é, mas daquela noite e do carro, lembro não. Desculpe. (Que saco! Eu beijei ele e nem lembro, ou será uma pegadinha?)
Sorriso chocho
- Pô, sempre achei você uma gata, sabia? Aquela noite que te dei carona, poxa... guardei na memória, e... bom...a vida separa as pessoas, mas também encurta caminhos, rsss
Você ,depois nem procurou e eu fiquei sem jeito, e o ano acabou, e você sumiu, mudou de curso ou faculdade?! (Confuso)
- É, desisti da Sociologia. Fui fazer Enfermagem. (Tentando lembrar do beijo)
- Então, eu não te vi e você não deu seu contato. Até fui naquela casa de esquina, onde te deixei naquela noite, mas disseram que você havia devolvido o imóvel, tinha ido embora.
- Sim. Saí de lá. Precisei mudar de lugar. Aluguel caro na época.
Silêncio.
- Humm. (Sem graça, toda encabulada) - Desculpe, qual seu nome, mesmo?
Cara de aborrecimento... desolado. Olhar de desencanto
- Não lembra mesmo? Não faz tanto tempo assim, gata. (Voz saí com tom de desolação).
- Minha memória está péssima, eu não lembro mesmo
- Pô, gata! (Chateado) Como pode esquecer?
- Esquecendo.
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