A CASA AMARELA
Na casa de aparência amarela, morava uma senhora, viúva, triste e enfadonha. Essa casa se localizava na Rua da Felicidade, número quatro. Sabe-se que aquela senhora enviuvou-se a mais de trinta anos. Nunca teve filhos e nunca mais se casou. Naquela casa, mal cuidada com o tempo, morava uma senhora que se isolou da vida e do mundo. Essa senhora morreu-se junto com seu esposo, há trinta anos. Secou todos os sentimentos bons com o passar do tempo.
A vizinhança não sabia muito sobre ela. O que fazia. Se morava mais uma pessoa com ela. O que se sabia era que a senhora havia se tornado uma mulher rabugenta, mal humorada, fofoqueira e muito má. Certo dia, um grupo de adolescentes que estava brincando enfrente de sua casa, resolveram cantar bem alto e gritarem. A brincadeira chamou atenção da senhora que saiu da casa furiosa, cuspindo fogo.
A senhora começou a blasfemar:
- Seus pestes vão brincar na casa de vocês. Não gosto de alegria de ninguém. Não gosto de felicidades, não gosto de sorrisos. E não gosto que cantem!!!
- Não gosto de crianças e adolescentes. Não gosto de amizade.
- Gosto de tristeza, de infelicidades e maldade.
O grupo de amigos ficou congelado com essa cena. Os amigos ficaram calados, e de tanto medo não saíram correndo. Apenas ficaram parados com os olhos arregalados. A cara dos amigos era de quem viram o cão em pessoa. Seria um cão em pessoa, ou uma pessoa cão?
Ao ouvirem cada palavra silenciosamente, Juliana, a garota do grupo e mais corajosa, responde:
- A senhora é uma pessoa rancorosa da vida. A senhora é uma bruxa má, muito má. Moramos aqui, há quinze anos, nunca vimos à senhora sorrindo, feliz, contente. Vemos a senhora sempre amargurada, fazendo muitas maldades com as pessoas.
- Minha cara vizinha, a senhora está viva, muito viva. Veja o sol como está lindo, radiante, vivo. E os cantos dos pássaros nos alegram, nos trazem paz e esperança.
- Por que a senhora é assim? A senhora sempre foi má?
- A vida é bela dona senhora, viva e deixe os outros viverem. Sorria, ame, cante e seja feliz. A infelicidade é pior de todas as coisas.
A senhora soltou um xingamento de arrepiar os cabelos. E continuou....
Juliana não aguentando aquilo a aconselhou: - Minha senhora, quem morreu foi seu esposo, a senhora está viva. Seja feliz, plante flores em sua casa, abra as janelas e deixe a luz entrar. Arrume um cachorro para lhe fazer companhia, corra, faz amizades e viva!!
A senhora ficou um instante calada, pensando naquelas palavras da jovem. E disse:
- Tanta vida vocês têm, tanto brilho. Você tem razão, menina. Tornei-me uma pessoa muito má ao longo do tempo. E agora, recebo essa lição de vida de uma jovem. Que lição você está me dando. Irei buscar melhorar a cada dia. Primeiro, irei abri as janelas da minha casa para entrar luz, depois plantarei flores, muitas flores, arrumarei um cachorrinho e farei amizades, muitas amizades e buscarei ser feliz nas pequenas coisas do dia a dia.
A senhora caiu no choro. Foi tanto choro que aquele dia a vizinhança resolveu abraçá-la e dá-lhe muito calor humano.
A partir daquele dia, a senhora da casa amarela se tornou mais humana, menos rancorosa e maldosa. Ela deixou entrar a felicidade em sua casa amarela e em sua vida.